Vários ativistas tibetanos foram detidos, esta segunda-feira, em Nova Deli, pela polícia indiana durante uma manifestação numa zona próxima da Embaixada da China na Índia, em protesto contra a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.
O protesto, que ocorreu no contexto das recentes tensões entre Pequim e a liderança política tibetana em torno da gestão da reencarnação do líder religioso Dalai Lama, reuniu pelo menos uma dezena de pessoas.
Em imagens divulgadas pela agência de notícias indiana ANI, é possível ver agentes da polícia a deter vários manifestantes que carregavam bandeiras tibetanas e cartazes com palavras de ordem contra a China.
Os detidos pertenciam à organização Congresso da Juventude Tibetana (TYC), que costuma realizar concentrações e manifestações em Nova Deli.
O Dalai Lama completou 90 anos em julho passado.
Durante as comemorações do aniversário, o líder espiritual do budismo tibetano garantiu que, após a sua morte, a sua reencarnação será gerida exclusivamente pela Gaden Phodrang Trust, a fundação que administra o seu legado espiritual e político.
O líder budista, exilado na Índia desde 1959, afirmou que "mais ninguém tem autoridade para interferir" no processo, numa referência direta ao governo chinês, que o considera um separatista.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, iniciou hoje uma visita à Índia, onde se reuniu com o homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, estando previsto um encontro na terça-feira com o conselheiro de Segurança Nacional de Nova Deli, Ajit Doval.
Embora a questão tibetana não esteja no centro das conversações entre Pequim e Nova Deli, a China e a Índia tiveram atritos em julho, depois de um ministro do Governo indiano ter manifestado publicamente apoio ao Dalai Lama.
O diálogo entre os dois líderes da diplomacia dos dois países em Nova Deli deverá centrar-se no desanuviamento das relações entre Pequim e Nova Deli, com a agenda voltada para o conflito fronteiriço entre os dois países e os direitos aduaneiros impostos pelos Estados Unidos.
Em 2020, as tropas dos dois países enfrentaram-se nos Himalaias, o que provocou um agravamento das relações entre a Índia e a China.
A visita de Wang Yi ocorre, além disso, às vésperas de uma possível viagem do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, à China no final do mês para participar na cimeira da Organização de Cooperação de Xangai.
Esta será a primeira visita de Modi à China em sete anos, ocasião em que poderá reunir-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, dando continuidade ao desanuviamento das relações entre os dois gigantes asiáticos.