Desde o início do ano e até 17 de agosto, foram registadas quase 3.500 reclamações sobre serviços, de saúde, sendo que mais de metade delas visou as urgências hospitalares. Denúncias quase duplicaram face a igual período do ano passado e tocam setor público e privado
Das cerca de 3500 queixas apresentadas ao setor da saúde, entre 1 de janeiro e 17 de agosto deste ano, mais de metade (1800) visou as urgências. Os dados revelados esta quinta-feira, 21 de agosto, pelo Portal da Queixa, apontam para um aumento de mais de 90% das reclamações quando comprado a igual período de 2024. Ou seja, estamos diante uma quase duplicação do volume de queixas em apenas um ano.
Mais de três em cada dez reclamações (31%) sobre urgências e submetidas este ano visam os serviços de obstetrícia. São "o maior volume de reclamações", destaca a plataforma em comunicado enviado às redações. Seguem-se-lhes as especialidades de "Ginecologia (10%) e Pediatria (8%)", lê-se.
"Não estamos perante um problema novo, mas perante um problema sistémico. O aumento de quase 91% nas reclamações sobre serviços de urgência só em 2025 confirma aquilo que os utentes denunciam há anos: um sistema desorganizado, indiferente e, em muitos casos, desumano", afirma o fundador do Portal da Queixa. Para Pedro Lourenço, citado na nota de imprensa, "estes dados não podem ser ignorados: estamos perante um problema estrutural que exige ação imediata e coordenação entre entidades e organismos do estado".
De entre os principais motivos de queixa estão o "mau atendimento (36,62%), falta de comunicação (22,14%), cobranças indevidas (15,80%), segurança e qualidade dos serviços (10,74%) e tempos de espera excessivos e incumprimento de prazos (9,25%)".
Olhando para dados territoriais, "os hospitais do setor público e privado, especialmente em Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro e Braga são os mais reclamados, refletindo a gravidade da situação em regiões densamente povoadas", analisa o comunicado, que revela ainda que o "Serviço Nacional de Saúde (SNS) concentra a maior percentagem de queixas em serviços de urgência (24%). As entidades que seguem são: a CUF (17,61%); a Lusíadas Saúde (11,44%); o Hospital da Luz (7,67%) e o Trofa Saúde (4,22%), todas do setor privado".