O Comando dos Bombeiros Municipais de Machico manifestou, esta segunda-feira, a sua "profunda consternação" face à notícia de um alegado caso de violência doméstica envolvendo um bombeiro da sua corporação que foi filmado a agredir a mulher em frente ao filho menor, de nove anos, classificando o ato como "completamente reprovável".
Num comunicado publicado esta segunda-feira à noite na rede social Facebook, a corporação - que não respondeu às questões enviadas pelo JN ao início da tarde - sublinha que é "totalmente contra qualquer tipo de violência" e espera que o caso seja tratado pelas "devidas entidades responsáveis, apelando a que a justiça seja feita".
Na nota, a corporação informa ainda que os serviços jurídicos "já estão a tomar os devidos procedimentos", mas não refere se o elemento da corporação foi suspenso preventivamente ou se continuará em funções, se foi aberto um processo disciplinar interno e também não menciona eventuais medidas de acompanhamento ou apoio às vítimas.
Assim que o caso foi tornado público e amplamente divulgado nos meios de comunicação, a população recorreu às redes sociais da corporação, nomeadamente à página de Facebook, exigindo responsabilização e medidas concretas relativamente ao elemento envolvido.
O descontentamento aumentou face ao facto de o indivíduo filmado a agredir não ter sido detido em flagrante delito, mas apenas identificado pelas autoridades, o que gerou ainda mais indignação e pressão social.
Tal como o JN noticiou, a mulher, de 34 anos, foi brutalmente agredida pelo marido, de 35, na madrugada de domingo, por volta das 4.25 horas, numa residência na freguesia de Água de Pena, em Machico, Ilha da Madeira. A agressão, ocorrida em contexto de alegada violência doméstica, teve lugar na presença de um menor de 9 anos, filho do casal, e foi captada pela câmara de vigilância da habitação.
Nas filmagens, que o JN opta por não exibir, vê-se o suspeito a entrar na casa, após tocar à campainha, e depois a sair, atrás da companheira, que acaba por agredir com extrema violência. O filho de ambos ainda se coloca entre eles, mas o pai afasta-o e prossegue com as agressões. "Pai, pára, pára", implora o menor, enquanto a mãe surge prostrada no chão a chorar.
PSP patrulha junto a casa
Fonte oficial da PSP disse esta segunda-feira ao JN que, alertada para a situação, aquela força policial deslocou-se de imediato ao local, confirmou os factos e prestou assistência à vítima que foi assistida no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.
Foram recolhidos todos os meios de prova necessários e o processo remetido ao Ministério Público, que avaliará agora a aplicação de medidas de proteção à vítima. Para garantir a sua segurança, as autoridades têm realizado ainda patrulhamento de proximidade junto à residência de familiares onde a mulher se encontrava acolhida.
Secretária diz-se "chocada" e exige "resposta firme"
Numa nota enviada ontem à tarde, ao JN, a Secretária Regional da Inclusão, Juventude e Trabalho, Paula Margarido, mostrou-se "profundamente chocada" com a notícia da agressão violenta ocorrida em Machico.
"Desde as primeiras horas da manhã, a Secretária, em articulação com o Instituto de Segurança Social da Madeira, através da sua equipa de apoio à vítima, tem acompanhado de perto este caso, assegurando a adoção imediata de todas as diligências necessárias para garantir a proteção e o acompanhamento da vítima e do respetivo agregado familiar", informou, acrescentando que "se trata de uma situação de extrema gravidade que exige uma resposta célere, firme e adequada."