A família de Afonso Gonçalves, um jovem de 21 anos, que morreu após ser atropelado por um taxista que fugiu, em setembro do ano passado, em Lisboa, vai entregar no Parlamento uma petição em que é pedido o agravamento das penas para os casos de omissão de auxílio. O documento já recolheu mais de dez mil assinaturas.
A mãe do jovem, que este mês completaria 22 anos, referiu que "não é só sobre o Afonso, é por todos os Afonsos que não tiveram oportunidade de se defender", afirma Carla Gonçalves, ao DN.
Atualmente, a lei portuguesa prevê pena de prisão até dois anos ou multa até 240 dias para omissão de auxílio. A petição pretende que, quando da fuga resultar a morte da vítima, a pena seja agravada em metade do limite máximo, quer na prisão, quer na multa. "Esquecem-se de que há muitas formas de violência. A omissão de auxílio é uma delas. É uma violência que silencia, que deixa morrer, que abandona", sublinhou Carla Gonçalves, àquele jornal.
Apesar da mobilização, a mãe lamenta a falta de apoio de figuras públicas: "Enviei mensagens, e-mails, apelos. Mas, com raras exceções, fui ignorada. O silêncio também é uma escolha, e às vezes grita mais alto do que qualquer publicação."
Além da alteração legislativa, a família pede o reforço da fiscalização e da responsabilização de quem foge após provocar um atropelamento.
O jovem, que era natural de Guimarães e estudava em Lisboa, foi atropelado por um taxista, no dia 8 de setembro de 2024, quando atravessava a rua numa passadeira, na Avenida dos Estados Unidos da América, na zona de Entrecampos, em Lisboa.
O motorista fugiu do local do acidente sem prestar auxílio a Afonso Gonçalves, sendo detido, mais de um mês depois. Ficou em prisão preventiva, sendo acusado, posteriormente, dos crimes de homicídio, condução perigosa e omissão de auxílio.