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Felipe VI pede fim dos "atos aberrantes" de Israel em Gaza

"Clamamos, imploramos, exigimos: parem já com este massacre", pediu Felipe VI, em Nova Iorque Kena Betancur/EPA

O Rei de Espanha implorou esta quarta-feira a Israel para acabar com "o massacre" e os "atos aberrantes" na Faixa de Gaza, considerando ser difícil de entender que estejam a ser cometidos em nome de um povo que "sofreu tanto".

"Clamamos, imploramos, exigimos: parem já com este massacre. Não mais mortes em nome de um povo tão sábio e tão antigo que tanto sofreu ao longo da história", disse Felipe VI, que falava na Assembleia-geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

O chefe de Estado espanhol classificou como crueldade o que está a ocorrer no território palestiniano de Gaza e considerou que não é possível "ficar em silêncio nem olhar para o outro lado perante a devastação e os bombardeamentos, incluindo de hospitais, escolas ou lugares de refúgio, perante tantas mortes entre a população civil, perante a fome ou a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas".

"São atos aberrantes que estão nos antípodas de tudo o que este fórum representa. Repugnam a consciência humana e envergonham o conjunto da comunidade internacional", afirmou.

Felipe VI disse que Espanha é um país "profundamente orgulhoso das suas origens" sefarditas e que considera o povo de Israel um "povo de irmãos".

"Por isso nos dói tanto, nos custa tanto compreender o que o Governo israelita está a fazer na Faixa de Gaza", acrescentou o Rei de Espanha, que fez uma condenação rotunda do "execrável terrorismo do Hamas e especialmente à matança brutal de 7 de outubro de 2023 contra a população israelita" e no reconhecimento do direito de Israel a defender-se.

"Mas com a mesma firmeza, pedimos que o governo de Israel aplique sem reservas o direito internacional humanitário na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, exigimos que a ajuda humanitária chegue à população, um cessar-fogo com garantias e a libertação imediata de todos os reféns que o Hamas ainda retém com tanta crueldade", afirmou.

O Rei de Espanha apelou à comunidade internacional para tornar viável uma solução de paz para o Médio Oriente, o que considerou passar pelo estabelecimento dos dois Estados (Palestina e Israel), reconhecidos universalmente, com base mas resoluções das Nações Unidas.

Foi a primeira vez numa década que Felipe VI falou na Assembleia-geral da ONU, com o discurso de Espanha a ser normalmente assumido pelo chefe de Governo.

As declarações de hoje do monarca alinham-se com as do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e do restante executivo, que tem sido dos mais contundentes nas críticas a Israel por causa da guerra contra o Hamas em Gaza.

O Governo de Espanha reconheceu o Estado da Palestina em maio de 2024 e Pedro Sánchez fala há meses em genocídio em Gaza, com o executivo de Israel a responder com acusações de antissemitismo aos membros do executivo.

JN/Agências