O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse, esta sexta-feira, durante o discurso na Assembleia Geral da ONU, que não se esqueceu de reféns. Negou também que esteja a cometer genocídio e provocar fome na Faixa de Gaza.
Os membros de diversas delegações deixaram o plenário onde decorre a Assembleia Geral da ONU antes de Benjamin Netanyahu discursar, mas o primeiro-ministro israelita garantiu que a população da Faixa de Gaza - invadida e devastada pelos ataques dos militares hebraicos - ouvisse o seu discurso. O líder de Telavive, que quer "terminar o trabalho" no enclave com pelo menos 65 mil mortes, criticou os países que reconheceram o Estado da Palestina e rejeitou as acusações de genocídio e de usar a fome como tática de guerra.
Perante uma Assembleia esvaziada, Netanyahu disse que as forças de Israel transmitiram, em altifalantes, o discurso nas Nações Unidas para que os reféns do Hamas que permanecem em Gaza pudessem ouvir. "Não nos esquecemos de si, nem por um segundo", afirmou o chefe de Governo.
O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos condenou, contudo, o discurso em que o primeiro-ministro prometeu "terminar o trabalho" em Gaza, argumentando que tais declarações põem os cativos em perigo. "Repetidamente, [Netanyahu] optou por desperdiçar todas as oportunidades de os trazer para casa", destacou a organização israelita.
O líder hebraico criticou o reconhecimento do Estado da Palestina por vários países esta semana, alegando que tal ação representa "uma mensagem muito clara: assassinar judeus compensa". Netanyahu frisou que "não cometerá suicídio nacional" e classificou a Autoridade Palestiniana como "corrupta até à medula".
Rejeitou ainda as acusações - feitas pela própria ONU, inclusive - de genocídio e fome deliberada em Gaza, considerando os que denunciam tais cenários propagadores de "libelos de sangue". Para o primeiro-ministro, as ordens de retirada para a população do enclave isentam Israel do conceito de genocídio. A deslocação forçada é considerada, no entanto, um crime de guerra pelo Direito Humanitário.
Logo após o discurso, o primeiro-ministro israelita abandonou a sede das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque sem se reunir com o secretário-geral, António Guterres, segundo o gabinete deste.
Este foi o segundo ano consecutivo em que Netanyahu foi à ONU, organização que acusa de ter posições anti-Israel, para a sessão anual da Assembleia-Geral sem se encontrar com Guterres.
"Temos um acordo"
"Acho que temos um acordo", declarou o presidente dos EUA, após negociações com Israel e países árabes. "Parece que temos um acordo sobre Gaza. Penso que é um acordo que trará os reféns de volta, será um acordo que acabará com a guerra", salientou Donald Trump.