O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) insistiu, esta terça-feira, que aceder a metadados é essencial para investigar crimes graves e lembrou que antes da declaração de inconstitucionalidade da lei a força policial tinha esse acesso, o que ajudava nas investigações sem violar a privacidade dos cidadãos.
"O que nós gostaríamos era de regressar ao momento anterior à declaração de inconstitucionalidade da lei que nos permite ter acesso aos metadados. As organizações criminosas cada vez têm mais meios, mais tecnologia, têm muito dinheiro para pagar aos melhores experts e nós, polícias e magistrados que combatemos o crime, estamos estanquizados nos meios legais para os combater", referiu Luís Neves à saída da conferência "Cibercrime em Foco - Tendências e Prevenção na Era Digital", que decorre hoje na sede da PJ, em Lisboa.
O responsável máximo da Polícia Judiciária enfatizou que a proteção da privacidade não deve impedir a atuação da Justiça nem a segurança nacional e que as autoridades só querem aceder a dados de suspeitos de crimes graves, não de cidadãos comuns. "Durante muito tempo, tivemos acesso da forma permitida a essa informação, fizemos o nosso trabalho e ninguém ficou devassado na sua privacidade, exceto quando é suspeito", notou.
Enquanto isso não acontecer novamente, antecipou o diretor da PJ aos jornalistas, "muitos crimes serão cometidos e muitas dificuldades nós teremos para combater o crime de uma forma geral". "O que é certo é que o avanço do crime, a complexidade do crime, a violência do crime, um dia vai colocar-nos a todos no caminho de termos acesso a esses meios de obtenção de prova", constatou.
Neves recordou ainda que "foi Portugal, foi a Polícia Judiciária, que colocou novamente em debate este tema na Europa e está a fazer o seu percurso dentro de algum tempo". "Estarei no Parlamento Europeu, onde serei auscultado sobre esta temática, o que significa que as instâncias europeias também estão preocupadas", concluiu.