Mundo

Violação "épica" e "amo Hitler": as mensagens em chat online que Vance diz serem "coisas de crianças"

O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance Foto: Shawn Thew/EPA

O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, desvalorizou, num podcast, a revelação de que os líderes de um grupo chamado "Jovens Republicanos" trocaram centenas de mensagens de texto racistas e sexistas, dizendo serem indiscrições juvenis.

No novo episódio do podcast "Charlie Kirk Show", apresentado por colegas do falecido ativista conservador, Vance sugeriu que os participantes do grupo são muito jovens, sendo poucos mais novos do que o vice-presidente de 41 anos. "A realidade é que as crianças fazem coisas estúpidas, especialmente os rapazes", disse Vance. "Contam piadas picantes e ofensivas. É isso que as crianças fazem. E eu não quero mesmo que cresçamos num país onde uma criança a contar uma piada estúpida, a contar uma piada estúpida e muito ofensiva, seja motivo para arruinar as suas vidas".

As mensagens entre líderes e membros da Federação Nacional dos Jovens Republicanos e algumas das suas afiliadas em Nova Iorque, Kansas, Arizona e Vermont foram divulgadas pelo "Politico". As mensagens incluíam mais de 250 insultos a homossexuais, latinos, asiáticos e negros - que eram chamados de "macacos", um caso em que a violação foi apelidada de "épica" e uma pessoa disse "Eu amo Hitler".

Segundo a revista independente norte-americana "Mother Jones", os registos públicos indicam que oito dos onze republicanos no chat parecem ter entre 24 e 35 anos.

"Concentrem-se nas questões reais"

No entanto, Vance repreendeu os democratas e os meios de comunicação social por darem demasiada atenção ao "que um bando de jovens, um bando de crianças, diz num chat de grupo, por mais ofensivo que seja", e sugeriu que as mensagens eram uma distração das mensagens ofensivas enviadas por um candidato democrata ao procurador-geral da Virgínia, Jay Jones, que brincou dizendo que preferia matar um colega republicano a Hitler ou Pol Pot. Desde então, Jones assumiu "total responsabilidade" pelos comentários e apresentou um pedido de desculpas público a Todd Gilbert, então presidente da Câmara dos Delegados da Virgínia.

"Cresçam", disse o vice-presidente. "Desculpem, concentrem-se nas questões reais, não se concentrem no que as crianças dizem nos chats de grupo".

Vance afirmou ainda que cresceu numa era diferente, onde "a maioria das coisas estúpidas que fiz na adolescência e na juventude não estão na internet", e garantiu que iria alertar os seus próprios filhos "para não publicarem coisas na internet". "Se publicarem algo num grupo de chat, presumam que algum canalha vai divulgá-lo na tentativa de causar-vos dano ou à vossa família", continuou.

Democratas e republicanos condenam conversas

Os líderes republicanos no Vermont, juntamente com o governador Phil Scott, também republicano, pediram a demissão de Sam Douglass, senador estadual, que se revelou participante no chat. Por sua vez, a congressista Elise Stefanik, de Nova Iorque, pediu aos envolvidos que renunciassem aos seus cargos. Já Danedri Herbert, presidente do Partido Republicano do Kansas, disse que os comentários "não refletem as convicções dos republicanos e certamente não dos republicanos do Kansas em geral".

As críticas também têm surgido no Partido Democrata. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, escreveu a James Comer, presidente da comissão de supervisão da Câmara, a solicitar uma investigação sobre as "mensagens de texto vis e ofensivas", a que chamou "a definição de conduta que pode criar um ambiente hostil e discriminatório que viola as leis dos direitos civis". Já o líder democrata Chuck Schumer, de Nova Iorque, descreveu, num discurso no Senado, o chat como "revoltante", pedindo aos republicanos, incluindo Trump e Vance, que "condenem estes comentários de forma rápida e inequívoca". A governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, classificou as mensagens como "vis" e pediu consequências para os envolvidos. "Expulsem-nos do partido. Retirem-lhes os cargos oficiais. Parem de os usar como conselheiros de campanha", disse Hochul. "É preciso haver consequências. Esta treta tem de acabar."

A Federação Nacional dos Jovens Republicanos, organização política do Partido Republicano para republicanos entre os 18 e os 40 anos, pediu aos envolvidos que se demitissem da organização. O grupo descreveu as conversas como "impróprias para qualquer republicano".

Redação