O ex-deputado do Chega Gabriel Mithá Ribeiro abandonou o partido depois de, em setembro, ter renunciado ao cargo de deputado, em rutura com André Ventura. Sobre o líder do partido, acusa-o, num artigo publicado no "Observador", de comportamentos "narcísicos e vingativos" e de querer ter um controlo "obsessivo" do partido.
Era um dos fundadores do Chega e abandona agora o partido com acusações a André Ventura, após um processo de afastamento que se antevia há algum tempo. A 22 de setembro, Mithá Ribeiro anunciou a saída do cargo de deputado e, no início de outubro, desistiu da corrida autárquica à Câmara de Pombal. Agora, o historiador e professor universitário anuncia a saída do Chega, com duras críticas ao líder, considerando ter sido alvo de "um processo de humilhação", com a exclusão do governo-sombra criado pelo líder.
"Num governo-sombra que integra ministros independentes e ministros do partido, excluir-me foi a última tentativa do meu assassinato cívico que poderia tolerar", escreveu, num texto em que acusa o partido de ser "cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo".
No mesmo artigo, a que deu o título "André ventura: os 7 pecados mortais do predador narcísico", afirma que "Ventura é demasiado inteligente para, ao fim de quatro anos, não compreender ser o primeiro e principal traidor da essência política formalmente instituída pelo seu próprio partido" e lembra que "as instituições centradas num indivíduo falham sempre".
Gabriel Mithá Ribeiro foi eleito pelo círculo de Leiria nas três últimas eleições legislativas. Era professor universitário e um dos intelectuais que mais trabalharam o atual posicionamento ideológico do partido, tendo liderado o gabinete de estudos. No entanto, a relação com a cúpula e, em particular, com André Ventura sempre foi de altos e baixos.