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Comissão Europeia espera apoio da UE para "fechar a torneira do gás russo"

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu pediu inclusive que a União Europeia deixe de importar gás natural liquefeito da Rússia Foto: Malton Dibra / EPA

A Comissão Europeia espera hoje apoio e uma "posição firme" dos Estados-membros da União Europeia (UE) para "fechar a torneira do gás russo", com uma eliminação definitiva das compras europeias à Rússia a partir de 2028.

"Hoje é um dia importante. Esperamos sinceramente obter o apoio do Conselho e dos ministros para finalmente fechar a torneira do gás russo", disse o comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, falando na chegada à reunião dos responsáveis comunitários da tutela, no Luxemburgo.

"Durante demasiado tempo, permitimos que [o Presidente russo, Vladimir] Putin usasse a energia como arma contra nós. Durante demasiado tempo, dependemos do gás de um país que está a conduzir uma guerra ilegal na Ucrânia", criticou.

O comissário europeu indicou esperar hoje "uma posição muito firme" dos ministros da Energia da UE, adiantando estar "muito otimista de que haverá um acordo hoje".

"Isso não só enviará um sinal muito claro, como será mais do que isso, terá também um efeito real, porque significará, naturalmente, que haverá menos dinheiro a ir para a Rússia no futuro", concluiu Dan Jørgensen.

Os ministros da Energia da UE devem chegar hoje a um acordo político sobre a abordagem do Conselho a uma proposta para eliminar gradualmente as importações remanescentes de gás da Rússia, o que deveria ser feito até final de 2026, com uma proibição em vigor (com exceções) a partir de 1 de janeiro de 2027.

A partir de 1 de janeiro de 2028, haveria uma eliminação definitiva das importações de gás russo, o que implicaria também diversificar o abastecimento.

O regulamento proposto aplica-se tanto ao gás canalizado como ao gás natural liquefeito (GNL) e enquadra-se no ambicionado fim da dependência dos combustíveis fósseis da Rússia, país sancionado pela UE por ter invadido a Ucrânia em 2022.

A proposta agora discutida visa também melhorar a monitorização e a rastreabilidade do gás russo, apoiando simultaneamente os Estados-membros na gestão da transição e garantindo a segurança energética na UE.

A UE estabeleceu como objetivo acabar com todas as importações de GNL russo até ao final de 2026, uma antecipação face ao anterior objetivo de 2027.

Portugal é um dos oito Estados-membros da UE que terão de encontrar alternativas às importações de gás russo dado que o país ainda importa GNL da Rússia, embora em proporções relativamente pequenas.

Em 2024, Portugal importou cerca de 49.141 GWh (gigawatt-hora) de gás natural, dos quais aproximadamente 96% eram GNL. Do total do GNL, cerca de 4,4% teve origem na Rússia.

Além disso, a quota russa nas importações de GNL em Portugal caiu de cerca de 15% em 2021 para 5% em 2024.

Na quinta-feira, o Parlamento Europeu pediu inclusive que a União Europeia deixe de importar gás natural liquefeito da Rússia a partir de 1 de janeiro de 2026.

Em causa está um projeto de resolução aprovado em Bruxelas pelos eurodeputados das comissões da Indústria, Investigação e Energia e do Comércio Internacional, no qual defendem planos preliminares para proibir as importações de gás russo - por gasoduto e GNL - a partir de 1 de janeiro de 2026.

Os eurodeputados admitem, porém, exceções limitadas para contratos de curta duração (até 17 de junho de 2026) e de longa duração (até 01 de janeiro de 2027), desde que celebrados antes de 17 de junho de 2025 e não alterados posteriormente.

JN/Agências