Mundo

Petrobras anuncia autorização para perfurar poço perto da Foz do Amazonas

O presidente do Brasil, Lula da Silva, tem defendido repetidamente a necessidade de autorizar a Petrobras a explorar potenciais campos Foto: AFP

A petrolífera estatal brasileira Petrobras anunciou esta segunda-feira que obteve licença ambiental para perfurar um poço em águas profundas na Foz do Amazonas, numa decisão que tem sido apoiada pelo presidente brasileiro e criticada por vários ambientalistas.

Em comunicado, a Petrobras indicou ter recebido a licença ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) "para a perfuração de um poço exploratório no bloco FZA-M-059, localizado em águas profundas do Amapá, a 500 quilómetros da Foz Rio Amazonas e 175 quilómetros da costa, na Margem Equatorial brasileira".

A sonda já se "encontra na locação do poço e a perfuração está prevista para ser iniciada imediatamente, com a duração estimada de cinco meses".

Através desta pesquisa exploratória, a Petrobras procura "obter mais informações geológicas e avaliar se há petróleo e gás na área com escala económica".

"Não há produção de petróleo nesta fase", detalhou a empresa no comunicado, sobre a autorização de perfuração, decisão que surge a menos de um mês da cidade amazónica de Belém do Pará acolher a conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30).

A exploração de hidrocarbonetos na região é vista com preocupação por organizações não governamentais e por ativistas ambientais devido ao impacto que um possível derrame pode ter na área, considerada extremamente sensível a questões socioambientais.

O presidente do Brasil, Lula da Silva, tem defendido repetidamente a necessidade de autorizar a Petrobras a explorar potenciais campos, argumentando que as receitas resultantes podem financiar a transição energética do país.

Tem repetido que o Brasil não pode "abrir mão do petróleo brasileiro para os outros explorarem".

O ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, já comemorou a aprovação por parte do Ibama: "a Margem Equatorial representa o futuro da nossa soberania energética. O Brasil não pode abrir mão de conhecer o seu potencial".

Ainda assim, o ministro brasileiro garantiu que o Governo fez "uma defesa firme e técnica para garantir que a exploração seja feita com total responsabilidade ambiental, dentro dos mais altos padrões internacionais, e com benefícios concretos para brasileiras e brasileiros".

Brasil prevê investimento de 48 mil milhões

O Governo brasileiro disse prever investimentos de 48 mil milhões de euros e "mais de 300 mil empregos", após a Petrobras ter obtido a licença ambiental. De acordo com um comunicado do Ministério de Minas e Energia, existe "potencial para abrir uma nova fronteira exploratória para o país, com estimativas de investimentos da ordem de 300 mil milhões de reais [48 mil milhões de euros] e arrecadação estatal de mais de um bilião de reais [160 mil milhões de euros] nas próximas décadas.

Segundo o Governo brasileiro, "a previsão é que a atividade gere mais de 300 mil empregos diretos e indiretos, fortalecendo a economia local e ampliando as receitas de 'royalties'".

As autoridades brasileiras consideraram que a Petrobras demonstrou segurança nas operações, já que "montou a maior estrutura de resposta do país, com 13 embarcações à disposição para apenas um poço".

JN/Agências