Organizações ambientalistas criticaram, esta segunda-feira, a concessão de uma licença por parte do Governo brasileiro à estatal Petrobras para explorar reservas de petróleo numa área marítima extremamente sensível, próxima da foz do rio Amazonas.
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O Observatório do Clima, uma rede formada por 130 organizações, afirmou em comunicado que se trata de uma decisão "desastrosa" do ponto de vista ambiental e anunciou que pedirá à Justiça que a licença seja "anulada" devido a "falhas técnicas" no processo de licenciamento.
A rede ambientalista apontou ainda a contradição de conceder tal licença a menos de um mês do início da próxima cimeira climática das Nações Unidas (COP30), que se realizará na cidade brasileira de Belém, situada em plena região amazónica.
A decisão é um "sabotagem" à COP30 e "vai na direção contrária ao papel de líder climático reivindicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou o Observatório do Clima.
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Além disso, a licença para explorar esta área, situada a cerca de 500 quilómetros da foz do rio, colide, segundo os ambientalistas, com as metas do Governo brasileiro, que se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% as emissões poluentes até 2035.
"Num cenário de emergência climática como o atual, a abertura de novos poços de petróleo contradiz os compromissos do país com a transição energética e reforça padrões excludentes e insustentáveis", afirmou a porta-voz da Greenpeace, Mariana Andrade, em declarações distribuídas aos meios de comunicação.
De acordo com os ambientalistas, o Brasil deveria investir mais em energias renováveis, em vez de expandir a produção de petróleo.
"Precisamos investir em alternativas que gerem desenvolvimento inclusivo e sustentável, como as energias renováveis e a bioeconomia. Insistir no petróleo é seguir na direção contrária ao resto do mundo", declarou, por sua vez, Ricardo Fuji, especialista em conservação do WWF no Brasil.
Na área abrangida pela licença existem reservas ambientais, territórios indígenas, mangais e recifes de coral, bem como uma ampla diversidade marinha com espécies em risco de extinção.
A petrolífera tem planos para explorar a região desde 2022, mas o processo de autorização prolongou-se durante quase cinco anos, devido aos pedidos de informações adicionais por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a entidade responsável pela emissão das licenças.