A socialista Alexandra Leitão disse hoje que a Câmara de Lisboa tem responsabilidade política no acidente do elevador da Glória e que o país passará uma péssima imagem se essa responsabilidade não for efetivada até às últimas consequências.
As conclusões do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que detetou falhas e omissões na manutenção do ascensor, são, para Alexandra Leitão - que nas últimas autárquicas encabeçou a lista da coligação "Viver Lisboa" (PS/Livre/BE/PAN) - "de uma grande gravidade" e revelam "um conjunto de falhas sistémicas que são incompatíveis com a manutenção do Conselho de Administração da Carris, ou, pelo menos, do seu presidente".
Alinhada com a vereação socialista ainda em funções na Câmara de Lisboa, que exigiu hoje a demissão da administração da Carris, Alexandra Leitão lembrou que o acidente em que morreram 16 pessoas e 20 ficaram feridas "não foi um sismo ou uma tempestade, foi uma falha grave no equipamento público de uma empresa municipal detida a 100% e tutelada pela Câmara Municipal de Lisboa".
E por isso, disse à agência Lusa, o país estará "a passar uma péssima imagem como Estado, como nação, aos cidadãos, se aqui a responsabilidade não for efetivada até às últimas consequências".
Atendendo à "dimensão internacional" do acidente, a vereadora considera "importante que seja tudo absolutamente esclarecido", e entende que o segundo relatório intercalar "é suficientemente grave" para que o conselho de administração não se possa manter, atribuindo à Câmara de Lisboa a responsabilidade de "tomar as devidas medidas".
Tanto mais que o relatório intercalar contém "um conjunto de recomendações que não podem esperar", e que "demonstram a gravidade da situação" em que "nenhum dos elevadores pode reabrir".
"Na verdade, o que este relatório diz é que os lisboetas e todos aqueles que visitam Lisboa estão numa situação de insegurança e de total falta de confiança relativamente a estes equipamentos", afirmou.
E isso, acrescentou, "não pode merecer, da parte do presidente da Câmara de Lisboa [Carlos Moedas] apenas a referência de que isto não é um problema político, é um problema técnico".
Quando há "um problema sistémico, uma falha sistémica desta dimensão, desta gravidade e com estas consequências, também há um problema político", vincou Alexandra Leitão, acrescentando que "o órgão que tutela [a Carris] tem de assumir as suas responsabilidades".
"Não pode haver passa-culpas, não pode a culpa morrer solteira numa situação desta gravidade, seja a responsabilidade administrativa, seja técnica ou seja política", concluiu a recém-eleita, ainda não empossada, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.