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Netanyahu nega que Israel seja controlado pelos EUA

Segundo Benjamin Netanyahu, o que os dois países partilham é "uma aliança" Foto: Nathan Howard / AFP

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, negou hoje que Israel seja "um protetorado" dos Estados Unidos (EUA) e classificou tais ideias como "lixo", após se reunir com o vice-presidente norte-americano, JD Vance, de visita ao país.

"Quero dizê-lo muito claramente: uma semana dizem que Israel controla os Estados Unidos. Na semana seguinte, dizem que são os Estados Unidos que controlam Israel. Isto é um lixo", sublinhou.

Segundo Netanyahu, o que os dois países partilham é "uma aliança".

Nesse sentido, assegurou que as duas partes "têm valores e objetivos comuns", apesar de "divergências em algumas questões".

"Devo dizer que ao longo do último ano chegámos a acordos, não só em relação aos objetivos que estão para vir, mas também sobre como alcançá-los", afirmou o primeiro-ministro israelita.

Netanyahu considerou ainda que Israel conseguiu "colocar a faca no pescoço do Hamas" e "isolá-lo dentro do mundo muçulmano e árabe".

Por isso, agradeceu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à sua equipa, por uma ação "brilhante".

Por seu lado, Vance destacou que as partes têm a "árdua tarefa" de conseguir o desarmamento do grupo radical palestiniano Hamas e a "reconstrução de Gaza", sublinhando o "papel positivo que tanto Israel como os aliados do Golfo podem desempenhar" na região.

"Isso não significa que não tenhamos interesses aqui ou que não nos importemos com o que acontece, mas vemos isto como uma oportunidade para construir os Acordos de Abraão e acredito que o acordo de Gaza é uma peça crucial para desbloquear esses acordos", defendeu o vice-presidente norte-americano.

Os Acordos de Abraão foram celebrados em 2020, durante o primeiro mandato presidencial de Trump, permitindo uma normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.

Vance enfatizou a importância de alcançar uma "estrutura para a aliança no Médio Oriente, uma questão que é do melhor interesse dos Estados Unidos e de Israel".

Nesse sentido, assegurou que "está em curso o plano de paz, numa infraestrutura que não existia há uma semana".

"Isto vai exigir muito trabalho. Estamos no caminho de fazer algo que nunca foi feito (...) e, se for bem feito, pode ser um modelo de acordo de paz em todo o lado", concluiu.

Israel e Hamas alcançaram um acordo para um cessar-fogo, que entrou em vigor no passado dia 10 de outubro, com base num plano apresentado por Donald Trump e após negociações indiretas mediadas pelos EUA, Egito, Qatar e Turquia.

Na primeira fase, que está em vigor, o plano estabelece a troca de reféns - 20 vivos e 28 mortos - em posse do Hamas por prisioneiros palestinianos, a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.

No dia 13 de outubro, o Hamas devolveu os últimos 20 reféns vivos que se encontravam na Faixa de Gaza, em troca de quase dois mil prisioneiros palestinianos.

Ao abrigo do acordo, Israel entregou também 165 corpos de palestinianos.

A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita da Faixa de Gaza, o desarmamento do Hamas, apesar da sua resistência a este respeito, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave, que descarta um papel do grupo islamita.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

JN/Agências