A presidente do México, Claudia Sheinbaum, confirmou, esta quarta-feira, que a Marinha mexicana não conseguiu resgatar o único sobrevivente dos ataques norte-americanos de segunda-feira no Pacífico que visaram embarcações suspeitas de tráfico de droga.
"Não conseguiram salvá-lo", declarou Sheinbaum durante a habitual conferência de imprensa matinal, referindo-se ao homem que as autoridades mexicanas tentaram localizar a pedido dos Estados Unidos (EUA).
A operação de busca decorreu a mais de 740 quilómetros a sudoeste do porto de Acapulco, onde quatro embarcações foram atingidas por aviões norte-americanos durante uma ofensiva contra alegados narcotraficantes que matou 15 pessoas.
Claudia Sheinbaum adiantou que o Governo mexicano solicitou formalmente a Washington informações sobre as nacionalidades das vítimas, sublinhando tratar-se dos primeiros ataques realizados na costa mexicana.
A chefe de Estado revelou ainda ter pedido ao embaixador dos Estados Unidos no México, Ronald Johnson, a revisão e melhoria dos protocolos bilaterais de segurança aplicáveis quando são detetadas embarcações suspeitas em águas internacionais.
"Não queremos qualquer violação da nossa soberania, nem operações desse tipo na nossa zona económica exclusiva", insistiu Claudia Sheinbaum, lembrando que o espaço marítimo mexicano se estende até 200 milhas náuticas.
A presidente sublinhou também a necessidade de assegurar que "as ações conjuntas permitam prender suspeitos de crimes", evitando situações em que "possam estar cidadãos mexicanos, criminosos ou não, entre as vítimas".
Desde o início de setembro, os EUA têm conduzido ataques aéreos contra embarcações suspeitas de terem ligações com cartéis de droga, sobretudo nas Caraíbas, mas também no Pacífico.
De acordo com uma contagem da agência noticiosa France-Presse (AFP), baseada em dados das autoridades norte-americanas, 14 embarcações foram destruídas desde então, resultando em pelo menos 58 mortos.
Especialistas internacionais têm questionado a legalidade destas operações.
Na terça-feira, Sheinbaum manifestou a oposição do México a estas ações unilaterais dos Estados Unidos, exigindo que "todos os tratados internacionais sejam respeitados" e que a cooperação em matéria de segurança "seja discutida bilateralmente e com transparência".