O chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu o repatriamento dos refugiados sírios residentes na Alemanha, ou a deportação, se necessário, argumentando que "a guerra civil na Síria acabou".
"Já não há motivos para procurar asilo na Alemanha", declarou Friedrich Merz durante uma visita a Husum, no norte do país, acrescentando que os repatriamentos poderiam começar. O líder alemão disse ainda ter convidado o presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, para se deslocar a Berlim, com vista a "resolver isto juntos".
Friedrich Merz argumentou que a Síria "precisa agora de toda a sua força, e especialmente dos sírios, para a sua reconstrução", expressando confiança de que "haverá certamente muitas pessoas que regressarão por vontade própria" ao seu país. "Aqueles que se recusarem a regressar ao seu país, nós podemos, naturalmente, deportá-los", acrescentou.
No início de julho, o Ministério do Interior alemão indicou que estava a trabalhar na deportação de infratores e criminosos sírios. Já na passada quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Johann Wadephul, mostrou-se mais reservado durante uma visita a Damasco. Na altura, afirmou que o regresso dos sírios ao seu país poderá ocorrer "apenas de forma muito limitada, porque grande parte das infraestruturas do país foram destruídas", após 13 anos de guerra civil. Estas reservas foram criticadas por vários membros do partido conservador CDU, ao qual pertencem Merz e Wadephul.
Na Alemanha vivem cerca de um milhão de sírios, a maioria dos quais desde a migração em grande escala ocorrida entre 2015 e 2016.
Após a queda do regime sírio do ex-presidente Bashar al-Assad, em dezembro de 2024, vários países europeus, incluindo a Alemanha, anunciaram o congelamento dos processos de pedido de asilo, numa fase de crescimento dos partidos de extrema-direita, no seguimento de ataques realizados por estrangeiros no país.
As atuais autoridades sírias emanam dos antigos rebeldes liderados pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS) - de inspiração jihadista -, que afastaram o regime de Bashar al-Assad.
O ex-líder do HTS, Ahmed al-Sharaa, assumiu a presidência de transição da Síria e, desde há quase um ano, tem procurado normalizar as relações internacionais de Damasco e devolver estabilidade ao país, apesar de já ter enfrentado graves problemas de segurança, alguns de natureza sectária.