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Israel lança vaga de ataques no Líbano após Hezbollah rejeitar diálogo

"O exército israelita lançou uma série de ataques contra alvos militares do Hezbollah", referiu as Forças de Defesa de Israel Foto: Wael Hamzeh / EPA

O exército israelita anunciou esta quinta-feira ataques contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, após o grupo xiita reivindicar o direito à defesa e rejeitar negociações entre Beirute e Telavive.

"O exército israelita lançou uma série de ataques contra alvos militares do Hezbollah no sul do Líbano", referiu um comunicado das Forças de Defesa de Israel, que anteriormente tinham divulgado na rede social X um aviso às populações da região.

O aviso dava conta de que os militares israelitas iriam iniciar bombardeamentos contra infraestruturas militares do Hezbollah em todo o sul do Líbano, "em resposta às tentativas proibidas da organização de retomar as operações na região".

Em concreto, a mensagem solicitava aos habitantes das localidades de Aita al-Jabal, Al-Taybeh e Tayr Debba para se retirarem de imediato das suas casas, bem como a evacuação de um edifício e das suas proximidades em Zawtar al-Sharqiyah.

Numa declaração separada, a porta-voz do Governo israelita, Sosh Bedrosian, afirmou que Israel iria tomar medidas para garantir o cumprimento do cessar-fogo no sul do Líbano, em vigor desde novembro de 2024.

"Israel continuará a defender todas as suas fronteiras e insistiremos na plena implementação do acordo de cessar-fogo", disse Bedrosian aos jornalistas, insistindo que Telavive não permitirá que o Hezbollah se reorganize.

Esta vaga de bombardeamentos ocorre no mesmo dia em que o Hezbollah reclamou o "direito legítimo" à defesa dos ataques de Israel e rejeitou negociações políticas.

Numa carta aberta à população e aos líderes do Líbano, o grupo político e militar apoiado pelo Irão alega que tem respeitado a trégua até esta quinta-feira, enquanto "o inimigo [Israel] continua as suas violações".

Em simultâneo, expressou a sua oposição a "quaisquer negociações políticas com Israel", que acusa de arrastar o Líbano para um acordo que "não serve o interesse nacional".

Diálogo é a chave para aliviar as tensões

Segundo uma fonte próxima da liderança política do Hezbollah, citada pela agência France-Presse (AFP), a carta aberta foi divulgada no seguimento de visitas recentes de enviados norte-americanos e egípcios, que instaram as autoridades de Beirute a iniciarem negociações diretas com Israel.

No sábado, o enviado norte-americano, Tom Barrack, defendeu que o diálogo é a chave para aliviar as tensões, que aumentaram nas últimas semanas.

No dia seguinte, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou o Hezbollah de procurar rearmar-se, e o seu ministro da Defesa, Israel Katz, criticou o Presidente libanês, Joseph Aoun, por protelar o desarmamento previsto do movimento xiita.

Joseph Aoun reiterou na terça-feira a sua oferta de negociações com Israel, mas lamentou que ainda não recebeu uma resposta e que "os ataques continuam".

Os militares israelitas revelaram na quarta-feira que, no último mês, foram eliminados 20 alegados membros do Hezbollah, "cujas atividades violaram os acordos entre Israel e o Líbano".

O Hezbollah integra o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão e envolveu-se em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, em apoio do aliado palestiniano Hamas.

Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a direção do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros responsáveis da hierarquia política e militar do Hezbollah.

Desde o cessar-fogo, o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais e deslocou efetivos para a zona da fronteira com Israel, tradicionalmente um reduto do Hezbollah e onde as tropas israelitas ainda mantêm posições militares.

A carta aberta do grupo xiita é ainda conhecida no dia em que o Governo libanês deverá divulgar uma atualização sobre os progressos do plano de desarmamento.

JN/Agências