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Hamas não consegue localizar corpos de dois luso-israelitas mortos no ataque de 7 de outubro

Hamas já tinha afirmado que havia cadáveres debaixo dos escombros de edifícios destruídos pelos ataques israelitas Foto: Eyad Baba / AFP

A devolução dos cadáveres de 28 cidadãos havia sido acordada no recente plano mediado pelos Estados Unidos para pôr fim às hostilidades entre Israel e o Hamas. Faltam devolver quatro corpos.

O Hamas diz não saber onde localizar os corpos de quatro cidadãos raptados em Israel em 7 de outubro de 2023, entre eles Dror Or Ermoza, de 48 anos, e Ran Gvili, de 26, ambos detentores de nacionalidade portuguesa. O paradeiro dos restos mortais de outros dois cidadãos raptados naquele dia permanece igualmente desconhecido: Meny Godard, de 73 anos, israelita, e Sudthisak Rinthalak, de 43, um trabalhador agrícola da Tailândia que trabalhava em território israelita para enviar dinheiro para Banguecoque e ajudar a família em dificuldades.

As autoridades israelitas afirmam não acreditar nas alegações do Hamas. O mesmo é subscrito pelo presidente da Comunidade Israelita do Porto, Gabriel Senderowicz, que considera que "os corpos foram levados para funcionarem como moeda de troca" e que "não se perdem moedas de troca, muito menos corpos de seres humanos".

A respeito do facto de Dror e Rav serem nacionais portugueses e ligados à sua comunidade judaica, Senderowicz diz que tal facto lhe desperta um sentimento particularmente doloroso. "O bisavô de Ran, Eduardo Nada, que vivia no Cairo, tomou outrora o caminho de Israel por ser um lugar seguro para a sua família. É difícil de digerir este desfecho e lembrar as palavras do velho ancião, sobretudo porque em 7 de outubro de 2023 o neto estava num hospital para ser operado e voluntariou-se imediatamente para tentar travar a invasão terrorista que se iniciou pouco antes."

Sobre Dror Or Ermoza, Senderowicz considera que "foi outra história bela que acabou em tragédia". "De família otomana que falava ladino e que inspirou a série 'A Rainha da Beleza de Jerusalém', Dror amava profundamente o mundo - era cidadão israelita, argentino e português - e devotava-se permanentemente à sua família nuclear. A esposa foi assassinada com ele. Os filhos de ambos - Alma (17 anos) e Noam (15 anos) - foram feitos reféns e só mais tarde libertados. Só poderão velar a mãe, não o pai dos seus sonhos, que existiu e era real."

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas a 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Óscar Queirós