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Mulheres ativistas em protesto na Cimeira do Clima. "Não falta voz, falta sermos ouvidas"

Ativista na Cimeira do Clima Foto: Instagram/Ana Heloísa Alves

A ação foi organizada pela Climate Action Network (CAN) e por outras organizações da sociedade civil, com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de uma transição justa que inclua as vozes das mulheres, sobretudo das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.

Mais de duas dezenas de ativistas manifestaram-se na 30.ª Conferência das Nações Unidas do Clima (COP30), no Brasil, para que as mulheres sejam ouvidas na luta contra a crise climática e pela transição justa. "Não falta voz, falta sermos ouvidas. A gente tem muita mulher aqui. Mas a gente não tem espaço", disse à Lusa Ana Heloisa Alves, de 27 anos, líder da Coligação Feminista por Justiça Climática, que participou no protesto com uma performance inspirada de dança inspirada no carimbó, dança tradicional da Amazónia que mistura influências indígenas, africanas e ibéricas.

Durante o protesto, na cidade amazónica brasileira de Belém, Ana Heloisa Alves apresentou uma performance inspirada no carimbo e, à Lusa, explicou que a cultura pode ser "uma ferramenta poderosa na defesa do meio ambiente". "O carimbó é uma expressão cultural que ensina como se deve cuidar da natureza. As letras falam sobre o dia-a-dia das comunidades ribeirinhas, sobre a pesca, a biodiversidade e os encantados que protegem a floresta", afirmou.

"O rio é a nossa vida"

Durante a sua performance, utilizou uma saia longa, "estilo ibérico", disse, que foi criada pela artista Ximanga Encantada, com frases como "O rio é do povo" e "Respeite a Amazónia", em protesto contra a privatização de rios amazónicos e a expansão do agronegócio na região.

"O rio é a nossa vida. O rio dá comida, dá água, banha e esfria a gente do calor. Então o governo brasileiro não pode vender o rio. O rio não se vende, o rio não é um produto para ser vendido", declarou a ativista.

A ação foi organizada pela Climate Action Network (CAN) e por outras organizações da sociedade civil, com o objetivo de chamar a atenção para a necessidade de uma transição justa que inclua as vozes das mulheres, sobretudo das comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas.

Um dos temas principais da COP30 é "a transição justa. Mas a gente não vê uma mudança efetiva", criticou, denunciando o facto de continuarem a existir "acordos de [explorar] combustíveis fósseis sendo aprovados, acordos com mineradoras".

Na sua opinião, as mulheres e crianças, sobretudo indígenas, negras e quilombolas, são as mais afetadas pela crise climática e, por isso, devem ser ouvidas nas decisões e negociações, algo que não tem vindo a acontecer.

JN/Agências