A empresária mexicana Genoveva Casanova será indemnizada em 175 mil euros pela publicação das imagens com o atual rei da Dinamarca. Apesar da vitória, a defesa considera a quantia insuficiente e admite recorrer. A revista prepara também recurso da sentença.
Genoveva Casanova, ex-mulher de Cayetano Martínez de Irujo, venceu o processo que moveu contra a revista "Lecturas" pela publicação de fotografias em que surgia a passear com Frederico da Dinamarca pelas ruas de Madrid. O tribunal condenou o meio de comunicação a pagar-lhe 175 mil euros por violação do direito à intimidade e à própria imagem.
A decisão surge após meses de silêncio da empresária mexicana, que optou por não comentar publicamente o caso desde que o polémico artigo veio a público, em novembro de 2023. O julgamento decorreu em setembro nos tribunais da Plaza de Castilla, em Madrid, e contou com o testemunho de 16 pessoas, entre responsáveis da revista, jornalistas e colaboradores.
O processo, com mais de 400 páginas, centrou-se na capa da revista que, em letras grandes, afirmava: "Genoveva e Frederico da Dinamarca, juntos. O futuro rei visitou-a em Madrid e dormiu no seu apartamento". As imagens, captadas nos arredores do Museu do Prado, mostravam o então príncipe a caminhar ao lado da empresária, num registo informal obtido por paparazzi. As fotos rapidamente se tornaram virais e alimentaram especulações sobre uma possível relação entre ambos.
O passeio que se tornou escândalo internacional
A publicação provocou uma onda de reações e um intenso debate mediático. Genoveva Casanova reagiu, na altura, através de um comunicado, negando "qualquer tipo de relação" para além de uma "amizade" com Frederico, o atual rei da Dinamarca. Apesar disso, a exposição pública prolongou-se durante semanas, levando a empresária a apresentar uma queixa formal contra a "Lecturas" por considerar que a sua privacidade fora "gravemente invadida".
Do lado da defesa, os representantes da revista sustentaram que o conteúdo se enquadrava no direito à informação e que o tema tinha "interesse público", atendendo à relevância das figuras retratadas. Argumentaram ainda que as imagens foram obtidas em espaços públicos e que o tratamento noticioso seguiu critérios de atualidade e pertinência jornalística.
A sentença agora conhecida dá razão a Casanova, mas não encerra o processo. Segundo fontes próximas da empresária, a equipa jurídica tenciona pedir uma revisão da indemnização, por considerar que o valor atribuído está longe do milhão de euros inicialmente exigido. Já a revista prepara um recurso, alegando que o tribunal não valorizou suficientemente o caráter informativo do artigo nem o contexto de interesse geral associado à sucessão na Coroa dinamarquesa.
O caso tornou-se um exemplo emblemático do conflito entre o direito à privacidade das figuras públicas e o direito à informação dos meios de comunicação, um debate que ganha novo fôlego na era digital, em que a linha entre interesse público e curiosidade paparazzi se torna cada vez mais ténue.