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Setor da moda espanhola critica ministra do Trabalho e exige resposta firme contra falsificações

A vice-presidente do Governo espanhol, Yolanda Díaz, enfrenta críticas após admitir que a mala usada pela filha era uma imitação comprada numa banca da Feira de Vila Nova de Cerveira Foto: Mariscal/EPA

ModaEspaña acusa Yolanda Díaz de banalizar a contrafação após revelar que a filha usou uma bolsa imitação comprada por 25 euros na Feira de Vila Nova de Cerveira, e pede ao Governo medidas mais duras contra o mercado ilegal.

A polémica que começou com uma simples bolsa comprada na Feira de Vila Nova de Cerveira continua a crescer em Espanha. Desta vez foi a confederação ModaEspaña, que representa mais de quatro mil e quinhentas empresas do setor, a criticar abertamente a ministra do Trabalho e vice-presidente do Governo espanhol. A organização considera que Yolanda Díaz passou uma "mensagem irresponsável" ao admitir que a mala usada pela filha de 13 anos era uma imitação comprada por 25 euros no mercado minhoto.

A entidade lembra que a ministra explicou, em entrevista ao programa "Espejo Público", que a filha não usou uma Tote Bag original da Marc Jacobs, avaliada em 200 a 500 euros, mas uma réplica oferecida pelas primas e adquirida numa banca da popular feira portuguesa. Para a ModaEspaña, ao normalizar a contrafação, Díaz desvaloriza o impacto económico e social deste fenómeno.

"A contrafação destrói emprego e alimenta redes ilegais"

Ángel Asensio, presidente da confederação, afirma que a falsificação "não é um problema menor". O setor calcula perdas anuais de cinco mil e setecentos milhões de euros, bem como a destruição de cerca de quarenta e quatro mil e setecentos postos de trabalho, além de fraude fiscal e prejuízos para o comércio legítimo.

Asensio sublinha que o impacto atinge toda a cadeia de valor, dos artesãos e designers ao comércio local. "Cada cópia comercializada é uma venda perdida para quem cumpre a lei, paga impostos e investe em qualidade e inovação", afirma.

ModaEspaña denuncia ainda uma crescente permissividade social, tanto em mercados de rua como no ambiente digital, onde se multiplicam sites que imitam marcas registadas para vender contrafação ou produtos inexistentes.

Com a polémica a atingir proporções inesperadas, o caso da bolsa comprada na feira minhota deixou de ser apenas uma curiosidade nas redes sociais e tornou-se um tema político e económico que pressiona o Governo espanhol e a própria ministra.

Sara Oliveira