Minutos antes de se dirigir à barbearia onde levou a cabo o triplo homicídio numa barbearia da Penha de França, em Lisboa, o arguido, Fernando Silva, provocou clientes que almoçavam num restaurante na zona de Saldanha, chegando a exibir a arma com que viria a cometer os crimes. O julgamento arrancou esta quinta-feira em Lisboa.
Durante o julgamento, no Campus da Justiça, uma testemunha que estava no restaurante na zona de Saldanha relatou que Fernando Silva o provocou para uma luta, sem qualquer razão, e que estava completamente "desorientado" e "alcoolizado".
"Penso que o nosso silêncio, ao não responder às provocações, nos salvou a vida", disse a testemunha, que estava sentado a uma mesa com dois colegas, brasileiros, para almoçar, naquela tarde de 2 de outubro de 2024.
"Na mesa atrás estava Fernando, que não conhecia, acompanhado da mulher e que estava várias vezes a repetir as coisas que dizíamos, completamente sem nexo", contou a testemunha. Aos colegas brasileiros, Fernando Silva terá dito: "Isto não é uma favela, é bem pior".
A testemunha olhou para Fernando Silva e viu a arma de fogo. "Senti pânico, ele estava a meter-se connosco com uma arma e pouco depois a mulher dele levantou-se e foi para a rua, a pedir para que ele parasse".
Ainda de acordo com a testemunha, Fernando Silva levantou-se, passou por si e ainda o desafiou para uma luta. "[Eu] não disse nada e pouco depois vi nas notícias que houve três mortos numa barbearia perto dali. Pensei logo que tinha sido ele e durante a noite, quando vi a fotografia dele nas notícias, tive a certeza".
Para a testemunha, o arguido encontrava-se agitado por estar alcoolizado.