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Quatro mortos em ataque a Kiev para causar o "máximo de danos à população civil"

Ataques russos atingiram edifícios civis na capital ucraniana Foto: OLEKSII FILIPPOV / AFP

Pelo menos quatro pessoas morreram em Kiev na sequência do ataque russo de grande escala contra a capital ucraniana durante a madrugada de hoje, disse o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

O primeiro balanço oficial provisório indicava a morte de uma pessoa e 15 feridos, em Kiev.

Segundo o chefe de Estado, a Rússia usou aproximadamente 18 mísseis e 430 aparelhos aéreos não tripulados (drones) contra a capital. Zelensky acrescentou que se tratou de um ataque planeado para causar o "máximo de danos à população civil".

Nas últimas semanas, Moscovo intensificou os ataques contra as instalações civis e centrais de energia da Ucrânia, bem como contra a rede ferroviária.

Explosões no centro da cidade

"Os russos estão a atingir edifícios residenciais. Há muitos edifícios altos danificados em Kiev, em quase todos os bairros", comunicou durante a noite o chefe da administração militar da cidade, Timour Tkatchenko.

Jornalistas da agência de notícias France-Presse (AFP) ouviram fortes explosões no centro da cidade e observaram que os sistemas de defesa aérea foram ativados contra ataques de 'drones' e mísseis.

Ao pedir à população que se dirigisse para abrigos, na sequência de "um ataque massivo do inimigo à capital", o presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, indicou que "as forças de defesa aérea estão a operar em Kiev".

Incêndios eclodiram em vários bairros após os ataques e os serviços de emergência foram mobilizados, acrescentou.

"Partes das redes de aquecimento foram danificadas. Na área de Desniansky, devido a uma situação de emergência na conduta principal de aquecimento, alguns edifícios estão temporariamente sem aquecimento", concretizou.

Noite difícil em Irpin

Oleksandr Markoushyn, presidente da Câmara de Irpin, localidade da região de Kiev, descreveu no Facebook uma "noite difícil" com "múltiplos [drones] 'Shahed' e mísseis a sobrevoar o município".

Parte da ofensiva iniciada em 2022, a Rússia, com forças agora mais bem equipadas e mais numerosas, continua a avançar no leste da Ucrânia, especialmente na região de Donetsk, onde se concentra a maior parte dos combates recentes.

Paralelamente, Moscovo tem multiplicado desde há semanas os bombardeamentos contra infraestruturas civis e energéticas e a rede ferroviária ucraniana, numa altura de descida das temperaturas, com a aproximação do inverno.

Do lado russo, as autoridades deram conta hoje de um ataque ucraniano contra o porto petrolífero de Novorossiisk, no mar Negro.

Uma refinaria de petróleo foi atingida por um incêndio e vários edifícios residenciais foram danificados por fragmentos de 'drones', causando um ferido, de acordo com as autoridades.

"Na sequência de um ataque maciço a Novorossiisk, destroços de 'drones' danificaram um dos navios civis no porto", ferindo três membros da tripulação, acrescentou o quartel-general operacional da região de Krasnodar.

Os ataques com 'drones' ucranianos causam regularmente danos nos setores do petróleo e do gás e nas condutas destinadas ao transporte de hidrocarbonetos, levando a um aumento dos preços dos combustíveis.

Esta madrugada também, a Rússia anunciou ter intercetado mais de 200 'drones' ucranianos.

"Durante a noite, os sistemas de defesa aérea intercetaram e destruíram 216 drones ucranianos", incluindo 66 na região sul de Krasnodar e 59 sobre o mar Negro, afirmou o Ministério da Defesa russo no Telegram.

Portugal condena ataques

O Governo português condenou o ataque russo de grande escala contra Kiev, expressando sentimentos às famílias das vítimas. "Portugal condena firmemente um dos piores ataques a Kiev desde o início da guerra, com pesadas consequências civis", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros na rede social X.

A diplomacia portuguesa endereçou ainda as suas "sentidas condolências às famílias das vítimas" e expressou solidariedade para com as autoridades e o povo ucraniano.

JN/Agências