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Portugal sobe três posições e melhora desempenho climático

Associação ambientalista Zero diz que é necessário um realinhamento das políticas nacionais para limitar o aquecimento global Foto: Foto: Saeed Khan / AFP

Portugal mantém-se na linha da frente dos países com melhor desempenho climático, tendo subido três posições, para o 12.º lugar. À frente, está a Dinamarca, que lidera a lista, Reino Unido, Marrocos, Chile, Luxemburgo, Lituânia, Países Baixos e Noruega. O Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPPI) é divulgado esta terça-feira, pelas organizações Climate Action Network, Germanwatch e New Climate Institute.

Os três primeiros lugares do ranking continuam por ocupar, uma vez que as organizações não-governamentais consideram que nenhum país está totalmente alinhado com o objetivo do Acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 1,5.ºC. A edição de 2025 surge numa altura em que decorre a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), até sexta-feira, em Belém do Pará, no Brasil.

A contribuir para o bom desempenho português está o parâmetro das Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), na qual o país recebeu uma classificação elevada. Na Utilização de Energia, Energias Renováveis e Política Climática a avaliação é média. Apesar deste resultado, a associação ambientalista Zero alerta que o país ainda enfrenta desafios significativos.

"O setor dos transportes continua a apresentar um aumento consistente das emissões, com um crescimento de 7% em 2023 e uma contribuição de 29% para o total das emissões de GEE em 2022, comprometendo o cumprimento das metas nacionais. A utilização insuficiente de transportes públicos e a dependência elevada de veículos automóveis nas cidades evidenciam a necessidade de reforçar planos de mobilidade urbana sustentável", lê-se no comunicado enviado às redações, ao mesmo tempo que identificam a inconsistência no sinal de preço do carbono como outro dos pontos críticos, por via da "persistência de subsídios e isenções fiscais aos combustíveis fósseis".

"No domínio das energias renováveis, o crescimento acelerado de grandes projetos em território continental tem levantado preocupações socioambientais, devido à falta de planeamento territorial e de procedimentos robustos de planeamento e Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)", acrescenta a Zero.

A associação ambientalista considera, assim, essencial intensificar e promover a utilização de transportes públicos, eliminar os subsídios e isenções fiscais a combustíveis fósseis, acelerar as metas de energias renováveis e reforçar os princípios de transição justa. A associação afirma ainda ser necessário um realinhamento das políticas nacionais para limitar o aquecimento global a 1,5ºC.

G20 com desempenho fraco

Lá fora, destaque para o grupo de países do G20, que reúne as maiores economias do Mundo, e que tem apenas um país bem classificado: o Reino Unido. A Turquia, China, Austrália, Japão, Argentina, Canadá, Coreia, Rússia, EUA e Arábia Saudita permanecem na categoria muito baixa.

Destaque para a China, que subiu uma posição, para o 54.º lugar, apesar do crescimento das tecnologias verdes. Segundo a Zero, o país "continua a expandir a produção de combustíveis fósseis". Também a Índia, como outro grande emissor, ocupa o 23.º lugar.

No final da lista estão os Estados Unidos, na 65.º posição, o terceiro lugar a contar do fim. Com a liderança de Donald Trump, os EUA abandonaram o Acordo de Paris e são a grande ausência da COP30. A verdade é que não enviaram nenhum alto funcionário para a cimeira. O presidente Donald Trump procura, em vez disso, fortalecer a indústria dos combustíveis fósseis.

Abílio T. Ribeiro