Depois de saírem do Acordo de Paris, EUA falham COP30: nenhum representante será enviado

As políticas de Donald Trump alinham-se com um investimento nos combustíveis fósseis
Foto: Samuel Corum / AFP
Os Estados Unidos não vão enviar nenhum alto funcionário para a COP30, a conferência sobre o clima que decorre no Brasil no final deste mês, afirmou este sábado um funcionário da Casa Branca. O presidente Donald Trump procura, em vez disso, fortalecer a indústria dos combustíveis fósseis.
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Após retirar os EUA do Acordo de Paris sobre o clima, pela segunda vez, após o regresso à Casa Branca, já não era esperado que Trump comparecesse na cimeira de líderes, antes da conferência anual sobre o clima das Nações Unidas (ONU) em Belém, no Brasil.
No entanto, agora é certo que também não enviará ninguém para participar nas negociações, de 10 a 21 de novembro. "Os EUA não enviarão nenhum representante de alto nível para a COP30", confirmou um funcionário da Casa Branca sob anonimato.
"O presidente está a envolver-se diretamente com líderes de todo o Mundo em questões energéticas, como se pode ver pelos acordos comerciais e de paz históricos, que têm um foco significativo nas parcerias energéticas", acrescentou a mesma fonte.
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O Brasil informou na sexta-feira que menos de 60 líderes mundiais confirmaram a presença na cimeira climática de 6 e 7 de novembro.
Os governos de França, Alemanha, Reino Unido, Países Baixos, Noruega, Colômbia, Chile, Cabo Verde e Libéria confirmaram a presença dos respetivos líderes à AFP. A China informou que o vice-primeiro-ministro Ding Xuexiang representará o presidente Xi Jinping.
Ao todo, 170 delegações estão acreditadas para a principal conferência da COP30, que decorre num momento de turbulência política global que muitos temem que ofusque a crise climática.
Líderes locais contrariam Trump
Embora a administração Trump pareça estar a ignorar a cimeira, espera-se que mais de 100 líderes estaduais e locais dos Estados Unidos - incluindo governadores e presidentes de câmara - ainda participem nas negociações.
"Vamos comparecer em força", disse Gina McCarthy, copresidente da coligação "America Is All In", aos jornalistas na quinta-feira.
McCarthy desempenhou anteriormente as funções de chefe da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) durante a administração do antigo presidente Barack Obama e de conselheira climática do antecessor de Trump, Joe Biden.
O grupo que irá ao Brasil representa "dois terços da população dos EUA, três quartos do PIB americano e mais de 50% das emissões dos EUA".
"Cumpriremos as promessas que fizemos ao povo americano e aos nossos colegas internacionais", disse. "Os líderes locais aqui têm autoridade para agir por conta própria, para tomar medidas climáticas nos seus países e no estrangeiro", rematou.
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Possível saída da Convenção Quadro
Embora Trump também tenha retirado os EUA do Acordo de Paris no seu primeiro mandato, desta vez a sua administração foi mais longe, usando a sua influência para impulsionar os combustíveis fósseis a nível global.
Isto inclui, por exemplo, ameaçar retaliações contra países que concordaram com um sistema de fixação de preços do carbono pela Organização Marítima Internacional da ONU, restringindo efetivamente a sua implementação.
Os ativistas climáticos temem que o governo possa tentar retirar-se da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas - o tratado que fundamenta o Acordo de Paris.
Fazê-lo poderá impedir que os futuros governos voltem a aderir ao acordo, mas não é claro se o poder executivo tem autoridade legal para desfazer um tratado ratificado pelo Senado.
