A relatora especial da ONU para os territórios palestinianos acusou, esta terça-feira, a UE de ser cúmplice de Israel na "limpeza étnica" na Cisjordânia, que só é diferente de Gaza "no ritmo" da destruição.
"Ninguém está a fazer nada em relação ao que Israel está a fazer na Cisjordânia, é uma limpeza étnica, apenas a um ritmo diferente", disse Francesca Albanese, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
A relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados acrescentou que "é mais do que tempo de perceber que os palestinianos" estão a ser vítimas de um genocídio: "Crianças vítimas de homicídio, durante o suposto cessar-fogo [...], Gaza é uma cena de um crime".
A UE "falhou como organização que podia fazer as coisas mais básicas para impedir Israel de cometer estes crimes".
"A maioria dos Estados-membros contribuíram para que Israel mantenha a ocupação, um regime de apartheid e agora um genocídio", criticou Francesca Albanese.
A "trajetória foi há muito decidida" por Israel, comentou Albanese perante os eurodeputados: "Há 20, 30 anos, Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro israelita] já expressava que era contra a criação de um Estado palestiniano".
Apesar das funções que desempenha na ONU, Francesca Albanese disse que a última resolução aprovada no Conselho de Segurança não melhora a situação porque ninguém disputa as ações de Israel que configuram genocídio.
A inação da UE e da maioria dos Estados-membros faz com que "sejam cúmplices da fase final de destruição da população palestiniana".
Francesca Albanese criticou Telavive por impedir que visite a Cisjordânia ou Gaza, ainda que tenha mandato das Nações Unidas para isso, mas avançou que as informações que recolheu com organizações no terreno demonstram que há uma estimativa de 200.000 vítimas, entre pessoas mortas pelo regime israelita e feridos com "cicatrizes para toda a vida".
"O inverno está a chegar e 1,9 milhões de palestinianos não têm onde dormir, não têm uma casa digna, muito menos acesso a água. Os que não foram bombardeados por Israel, estão a tentar esvaziar tendas indignas encharcadas", descreveu.
Francesca Albanese disse que o "sonho da Europa morreu" ao ser cúmplice com o genocídio israelita e por "ser irresponsável".
O Tribunal Internacional de Justiça está a determinar se Israel cometeu genocídio e "na UE não fizeram nada".
"A negação do genocídio é fazer parte do genocídio em si", comentou.