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Ex-presidente hondurenho libertado da prisão nos EUA após perdão de Trump

O ex-presidente do Estado hondurenho Juan Orlando Hernández Foto: Orlando Sierra/ AFP

O ex-presidente das Honduras Juan Orlando Hernández, condenado a 45 anos de prisão nos Estados Unidos por tráfico de droga, foi libertado na segunda-feira, após ter sido indultado por Donald Trump.

"Após quase quatro anos de dor, espera e difíceis provações, o meu marido (...) é novamente um homem livre, em virtude do perdão presidencial", anunciou a mulher do político, Ana García de Hernández, nas redes sociais.

Segundo o portal do Departamento Federal de Prisões norte-americano (BOP, na sigla em inglês), Hernández, de 57 anos, foi libertado de uma prisão federal na Virgínia Ocidental em 1 de dezembro.

O ex-presidente das Honduras pediu perdão ao chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, numa carta em que o elogia e recorda a cooperação entre os dois países durante o seu primeiro mandato, segundo o portal de notícias norte-americano Axios, que obteve a carta.

Na carta, de acordo com o Axios, Hernández dirige-se a Trump como "Sua Excelência", o que pode ter influenciado o pedido de perdão presidencial, possivelmente auxiliado também por uma "persistente campanha de lobby liderada por Roger Stone, um amigo antigo do presidente norte-americano.

Hernández foi extraditado para os Estados Unidos em abril de 2022, onde, em março de 2024, foi condenado a 45 anos de prisão por três acusações de tráfico de droga e armas, além de cinco anos de liberdade condicional e uma multa de oito milhões de dólares.

Trump havia anunciado anteriormente que pensava perdoar o político hondurenho, alegando que a Administração do ex-presidente Joe Biden "havia armado uma cilada" a Hernández, que governou as Honduras entre 2014 e 2022.

O Axios referiu que "o anúncio surpresa do iminente perdão de Juan Orlando Hernández revelou a forma pouco ortodoxa e transgressora como Trump concede clemência".

Este anúncio ocorreu antes das eleições de domingo passado nas Honduras, onde a Casa Branca apoiou o Partido Nacional, de direita, que havia sido liderado por Hernández entre 2014 e 2022.

Pouco depois de Trump ter tomado posse em janeiro, Stone fez três publicações separadas na Substack, uma plataforma de redes sociais, pedindo o perdão de Hernández e retratando-o como vítima da guerra jurídica da esquerda nas Honduras e da Administração do presidente Biden.

Stone disse ao Axios que contactou o presidente dos Estados Unidos na passada sexta-feira, reiterando estes pontos e afirmando que um anúncio de perdão revitalizaria o Partido Nacional, ao mesmo tempo que chamou a atenção de Trump para a carta de quatro páginas de Hernández a solicitar clemência.

A libertação de Hernández acontece enquanto o país aguarda ansiosamente o resultado das eleições presidenciais de domingo, entre os dois candidatos de direita que lideram a contagem dos votos. De um lado está o Partido Nacional (PN), do empresário Nasry Asfura, de 67 anos - e de Hernandez - que conta com o apoio de Donald Trump, e do outro lado está o Partido Liberal, do apresentador de televisão Salvador Nasralla, de 72 anos.

O presidente dos EUA considera a América Latina parte da esfera de influência norte-americana e adotou uma postura intervencionista na região. Não hesita em condicionar a ajuda norte-mericana à boa vontade dos governos, à sua afinidade com os seus líderes ou mesmo aos resultados das eleições.

JN/Agências