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Estados Unidos têm plano de contingência caso Maduro fuja da Venezuela

Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante comício em Caracas, a 1 de dezembro. Foto: Juan Barreto/AFP

Os Estados Unidos indicaram, esta terça-feira, ter um plano de contingência caso o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fuja do país sul-americano, no contexto das tensões bilaterais pós-destacamento de tropas norte-americanas nas Caraíbas e no Pacífico para combater o narcotráfico.

A porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, quando questionada em conferência de Imprensa sobre as medidas que Washington tomará caso Maduro abandone a Venezuela, assegurou que o Departamento de Defesa tem "uma resposta planeada e pronta" e está "totalmente à disposição" do líder da Casa Branca, Donald Trump, "para fazer o que for necessário".

"Estamos sempre preparados. Temos planos para todas as contingências e vamos garantir que, no que diz respeito ao tráfico de droga, o desmantelaremos", declarou a porta-voz, reiterando que o "objetivo é eliminar os narcoterroristas e erradicar essa ameaça que está a envenenar o povo norte-americano".

"Esta é uma missão fundamental para proteger o país e orgulhamo-nos de fazer parte dela", acrescentou.

Desde o início da campanha de bombardeamentos contra embarcações no mar das Caraíbas e no oceano Pacífico, em setembro, realizaram-se "no total, 21 ataques contra barcos com drogas, o que resultou na morte de 82 narcoterroristas", confirmou Wilson, afirmando que "cada ataque contra essas organizações é realizado em defesa da segurança vital dos Estados Unidos".

Trump: ataques terrestres "muito em breve"

O presidente norte-americano insistiu que os ataques terrestres contra cartéis de droga em solo venezuelano vão começar "muito em breve". "Em terra é muito mais fácil. Sabemos as rotas que utilizam. Sabemos tudo sobre eles. Sabemos onde vivem. Sabemos onde vivem os bandidos. E vamos começar por aí muito em breve também", declarou Trump.

Na reunião que teve com o Executivo ao qual comanda, o magnata avisou também que qualquer país que produza e trafique droga para os EUA "está sujeito a ataques", sugerindo que poderá incluir a Colômbia nas operações terrestres. "Ouvi dizer que a Colômbia, o país da Colômbia, produz cocaína. Têm fábricas, certo? E depois vendem-nos cocaína. Mas sim, qualquer pessoa que faça isso e venda para o nosso país está sujeita a ataques, não necessariamente apenas a Venezuela", ameaçou, citado pela agência espanhola EFE.

Trump insistiu que, embora "a Venezuela tenha sido pior do que a maioria", há outros países que também enviam "os seus narcotraficantes" para os Estados Unidos.

Papa apela ao diálogo

O Papa Leão XIV sugeriu que os EUA priorizem "o diálogo" com a Venezuela em vez de uma invasão, no contexto das crescentes tensões bilaterais devido às operações antidroga das tropas norte-americanas no mar das Caraíbas. "É preferível privilegiar o diálogo, eventualmente a pressão, incluindo a económica, mas procurar outra forma de promover a mudança, se for essa a decisão dos Estados Unidos", declarou o Papa norte-americano numa conferência de imprensa a bordo do avião que o levava de volta ao Vaticano após uma visita ao Líbano.

"As declarações procedentes dos Estados Unidos são muito incoerentes. Por um lado, parece que houve uma conversa telefónica entre os dois Presidentes. Por outro lado, há este risco, esta possibilidade de uma ação, de uma operação, incluindo a invasão do território venezuelano", acrescentou Leão XIV, sublinhando não saber mais pormenores.

"No âmbito da conferência episcopal, (...) estamos a procurar formas de apaziguar a situação" para o "bem-estar do povo", indicou o líder de 1,4 mil milhões de católicos, especificando que é sobretudo a população "que sofre em tais situações, não as autoridades".

JN/Agências