Economia, fundos europeus e coesão territorial cruzam-se nas mãos de um homem que quer apostar na simplificação, reduzir desigualdades, aproximar territórios e reforçar a competitividade do país.
É uma das figuras-chave do XXV Governo Constitucional, liderado por Luís Montenegro, e também uma das mais experientes. Manuel Castro Almeida está hoje à frente do Ministério da Economia e da Coesão Territorial, uma superpasta onde se cruzam alguns dos temas mais delicados da governação: investimento, fundos europeus e o velho desafio de reduzir as desigualdades entre regiões. Entre autarcas, há a ideia de que fala a mesma linguagem e percebe, por dentro, as limitações dos municípios.
Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Castro Almeida começou cedo a trabalhar. Tão cedo que, aos 16 anos, já era auxiliar administrativo na Câmara Municipal de São João da Madeira, concelho onde nasceu e cresceu. Fez o curso superior como estudante-trabalhador, uma experiência que costuma referir como determinante para a forma prática e direta com que encara a política e a gestão pública.
O percurso político foi construído no seio do PSD e atravessa quase todos os patamares do poder. Foi presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira durante três mandatos, entre 2001 e 2013. A vida de autarca permitiu-lhe um contacto direto com os problemas concretos dos territórios, desde a gestão de infraestruturas à atração de investimento e à fixação de população.
No plano nacional, foi deputado à Assembleia da República e secretário de Estado em diferentes governos. Enquanto secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, aprofundou o conhecimento dos mecanismos de financiamento europeu, um saber que hoje utiliza no centro da ação governativa.
Em 2024, regressou ao Governo como ministro Adjunto e da Coesão Territorial. Um ano depois, com a reorganização do Executivo, passou a liderar o Ministério da Economia e da Coesão Territorial, juntando numa só tutela crescimento económico, competitividade empresarial e desenvolvimento equilibrado do território. A opção foi vista como estratégica com o foco de alinhar economia e coesão para que o crescimento chegue a todo o país.
Entre as decisões mais marcantes do mandato está a reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Castro Almeida defendeu que verbas paradas não fazem sentido e criou mecanismos para redirecionar fundos não executados para áreas como a inovação e a competitividade das empresas. Ao mesmo tempo, tem insistido numa execução exigente do Portugal 2030, pedindo rapidez, mas sem comprometer a qualidade do investimento público.
Outra bandeira é a simplificação. Menos papelada, processos claros e acessíveis, sobretudo para pequenas autarquias e pequenas e médias empresas, frequentemente afastadas dos fundos por excesso de burocracia. Para o ministro, a coesão não se faz apenas com redistribuição de dinheiro, mas com condições reais para que as regiões sejam competitivas.
Castro Almeida tem acompanhado ainda dossiês ligados à resiliência dos territórios, da proteção civil à adaptação às alterações climáticas, consciente de que as zonas com menos população são, muitas vezes, as mais vulneráveis. Fixar pessoas fora das grandes cidades é outro eixo central do seu discurso, cruzando habitação, mobilidade, serviços públicos e investimento. A aposta na descentralização administrativa e na capacitação das autarquias é outro pilar da ação governativa.
Politicamente é visto pelos pares como um negociador experiente, conhecedor das regras europeias e com capacidade para articular interesses entre ministérios, autarquias e Bruxelas. Entre os autarcas, há o reconhecimento da proximidade com o poder local e de compreender as limitações administrativas e financeiras dos municípios, sobretudo no Interior do país.
Nuno Vaz (PS), presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Tâmega e Barroso e da Câmara de Chaves, entende que Manuel Castro Almeida tem "uma dimensão de proximidade local maior" o que faz com "perceba muito bem as diversidades de cada território, as dinâmicas, os desafios e os constrangimentos". Por isso, confia que contribui para que se possam "diminuir as assimetrias".
O presidente da CIM Terras de Trás-os-Montes e da Câmara de Vila Flor, Pedro Lima (PSD), adianta que das vezes em que falou com o ministro viu "disponibilidade para escutar" e "prontidão para apresentar soluções ou, pelo menos, caminhos para que se consiga continuar o movimento de tentar reformar o país".
Por seu lado, o presidente da CIM Douro e da Câmara de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves (PSD), classifica Manuel Castro Almeida como "um governante que faz questão de exercer as funções tutelares com proximidade". Os autarcas, refere ainda, que "intrinsecamente têm esse posicionamento junto dos cidadãos" sentem-se "valorizados pelo reconhecimento da importância dessa proximidade na governação multinível".
Manuel Castro Almeida
Cargo Ministro da Economia e da Coesão Territorial
Nascimento 28/10/1957 (68 anos)
Nacionalidade Portuguesa (São João da Madeira)