São já 366 os mortos e mais de 1300 os feridos, num novo balanço das vítimas do sismo de magnitude de 7,2 que sacudiu a província oriental turca de Van, no domingo. Os socorristas lutam contra o tempo à procura de mais sobreviventes.
O balanço anterior, anunciado na segunda-feira à noite, apontava para 279 mortos.
O epicentro do sismo, registado às 10,41 horas de domingo (11,41 horas em Portugal continental), foi localizado a 19 quilómetros a nordeste da província de Van e a uma profundidade de 7,2 quilómetros, de acordo com o Instituto de Geofísica norte-americano.
De acordo com os números oficiais, 2262 edifícios ruíram por causa do sismo. A Cruz Vermelha já montou, esta terça-feira, mais tendas de campanha na zona de crise na província de Van, para dar abrigo a cada vez mais gente que se vê obrigada a passar a noite em refúgios.
Durante a noite e ao início da manhã desta terça-feira produziram-se novas réplicas em Ercis. As autoridades pediram à população que não voltasse aos edifícios danificados.
Os hospitais de Van sofreram danos e o pessoal dos centros locais queixava-se de não poder atender bem todos os feridos.
As equipas de resgate têm feito uma corrida contra o tempo com a intenção de resgatar os sobreviventes dos escombros, mas a esperança de o fazerem diminui à medida que o tempo passa.
Centenas de equipas trabalharam incansavelmente toda a última noite sob um frio intenso. E, 35 horas após o sismo, uma mulher grávida e os seus dois filhos foram extraídos dos escombros de um edifício público em Ercis.
Poucas horas antes, era um polícia e a sua mulher que eram encontrados vivos naquela cidade, de acordo com os canais de televisão.
"Eu tinha sobretudo sede. É uma sorte eu ainda estar vivo (...) Havia corpos por todo o lado", contou Abdullah Pinti à CNN-Turquia. O homem, de 22 anos, sobreviveu 22 horas entre os escombros de pedra e ferro de um café.
Contudo, apesar destes "milagres", são sobretudo cadáveres que são retirados dos escombros, como puderam testemunhar os jornalistas da agência France Presse no local. Centenas de pessoas continuam desaparecidas. As vítimas são particularmente numerosas em Ercis e Van, a capital regional.
Família enlutadas começaram a enterrar os seus entes queridos esta terça-feira, enquanto outros continuam a seguir os trabalhos das equipas de salvamento na ânsia de que os sobreviventes sejam resgatados.
Para os socorristas, não há dúvida de que o balanço da tragédia teria sido bem maior se o sismo não tivesse ocorrido a um domingo, em pleno dia, a uma hora em que muitos estavam fora para almoço.
"A esperança agora é bem menor" de encontrar "milagres", lamenta Emrah Erbek, de 23 anos, voluntário como dezenas de outros.
"Trabalhámos sem descanso há 48 horas", explicou ele, com a roupa toda suja de poeira e lama.
Equipamentos pesados tentam levantar blocos de cimento, enquanto os sobreviventes que passaram uma segunda noite com medo das réplicas do sismo procuravam aquecer-se à volta das fogueiras, aguardando a ração distribuída pelo Crescente Vermelho ou outras instituições de caridade.
E, para quarta-feira, está prevista a queda de neve.
Alguns sobreviventes dormiram nos seus carros, enquanto outros se contentaram com um único cobertor para dormir na rua.
"A nossa casa sofreu danos graves. Teremos que viver assim. Provavelmente uma ou duas semanas", afirmou Zuleyha, que está abrigada com o marido e um filho de cinco anos no seu automóvel.
O Estado turco destacou recursos consideráveis, enviando centenas de socorristas, 145 ambulâncias, seis batalhões do Exército e helicópteros-ambulância.
Numa demonstração de solidariedade, muitos turcos mobilizaram-se para ajudar os seus colegas curdos, enquanto o Exército continuou uma grande ofensiva contra os rebeldes curdos, que matou 24 soldados na semana passada, alimentando divisões étnicas.
"Mobilização nacional", proclamava o jornal Haber Turk, enquanto o jornal Sozcu felicitava os turcos por "terem enterrado no coração" o luto dos soldados mortos.
Muitos países, como Israel e a Arménia, dois países com os quais as relações de Ancara não são as melhores, ofereceram a sua ajuda e expressaram o seu apoio à Turquia, que lhes "agradeceu", afirmando querer apenas fazer face à actual situação.