O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, reiterou, esta terça-feira, que o resultado do referendo na Suíça foi "preocupante" e prometeu defender uma resposta "vigorosa" junto da União Europeia.
Os suíçosaprovaram no domingo, com 50,3% dos votos, em referendo umainiciativa denominada "Contra a Imigração em Massa",proposta pela União Democrática do Centro (UDC), que tambémrestabelece o princípio da preferência pelo trabalhador nacionalface ao estrangeiro, que se encontrava abolido para todos ostrabalhadores oriundos dos países da União Europeia.
Oresultado do referendo é "um evidente retrocesso das relaçõesentre a União Europeia e a Suíça, coloca em causa os princípiosda liberdade de circulação de pessoas e também os acordos sobrecapitais, bens e serviços", disse Rui Machete, durante umaaudição da comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros eComunidades Portuguesas.
Por outrolado, "tem um significado de uma manifestação política dospartidos de extrema-direita, que é naturalmente preocupante para umacomunidade que se orienta por princípios democráticos".
Ogovernante lembrou que existe, naquele país, uma comunidadeportuguesa "muito importante", mas que, por se encontrarestabilizada, não deverá ser afetada "de maneiraparticularmente grave" por esta posição.
O ministroressalvou que o Governo suíço não apoiou a realização doreferendo e que há três anos para aquele país "se entendercom a União Europeia quanto às concretizações das consequênciasdo referendo".
Portugal"participará ou influenciará a negociação que a UE vai fazercom a Suíça", disse.
Sobre estamatéria, o deputado do PSD António Rodrigues defendeu que esteassunto exige "posições vigorosas" da União Europeia,alegando que pode estar em causa "o desenvolvimento do projetoeuropeu", quando "alguns querem construir um conjunto devontades nacionais".
Já osocialista Pedro Silva Pereira apontou contradições entre aintervenção do ministro e do deputado social-democrata, pedindo aRui Machete que esclareça se "Portugal vai ser uma voz na UE".
"Tencionamosseguir atentamente a política da União Europeia e procurar que asmedidas sejam vigorosas. A diplomacia não se decide nas parangonasdos jornais e no aparente protagonismo de alguns ministros. Decide-secom eficácia e essa eficácia passa pela proteção dos interessesportugueses, e eles serão mais bem defendidos procurando perceberqual é a reação do Governo suíço perante a relativamenteinesperada vitória no referendo, que foi marginal", referiu ogovernante.
Machetegarantiu que esta resposta será "efetivamente rigorosa",mas não é possível agora anunciar qual, uma vez que se desconhece"neste momento qual vai ser sequer a atitude do Governo suíço".
Também odeputado do PCP João Ramos manifestou preocupação com a situação,lembrando que a Suíça "é um dos mais importantes destinos daemigração portuguesa".