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Crimeia já está sob domínio das forças militares russas

Os média internacionais estão a reportar, esta segunda-feira, que as tropas russas já controlam o terreno na província ucraniana da Crimeia. A ocupação foi feita sem nenhum disparo. Alemanha diz que não é demasiado tarde para solução política.

A confirmação da informação veiculada por vários órgãos de informação foi feita por fontes do Departamento de Estado norte-americano, que reconheceram que Moscovo tem "total controlo operacional da Crimeia". Segundo o jornal "The Guardian", altos funcionários daquele departamento do Governo dos EUA admitem que Washington tem pouca capacidade para influenciar Putin e avançaram a informação de que cerca de 6000 tropas russas entraram, por ar e terra, na península ucraniana.

As forças russas no terreno serão, neste momento, já em maior número do que as forças militares leais à Ucrânia presentes na Crimeia.

A BBC adianta ainda que há duas bases militares ucranianas que estão cercadas por militares russos. Grupos pró-Moscovo locais estão também no terreno a pedir às tropas ucranianas que passem a ser obedientes ao governo local, que está alinhado com a Rússia.

Navios militares russos estarão também a movimentar-se no Mar Negro. Recorde-se que em Sevastopol, cidade da Crimeia, está localizada a principal base naval da frota naval russa do Mar Negro.

Os militares russos estarão também a conseguir limitar as telecomunicações em várias zonas do território da península.

As principais estradas estarão já sob domínio das tropas russas, que instalaram diversos pontos de controlo do tráfego rodoviário.

O ministro dos Negócios Estrangerios russo afirmou em Genebra que a presença de tropas russas na Ucrânia é necessária "até à normalização da situação política".

O governo ucraniano ordenou entretanto mobilização militar e chamou tropas na reserva, ao mesmo tempo que exorta a maior apoio internacional.

Alemanha pede solução política

A chanceler alemã, Angela Merkel, considera que ainda não é "demasiado tarde" para encontrar uma solução política para a crise na Ucrânia e que não há uma opção militar, afirmou o seu porta-voz, Steffen Seibert.

"Ainda não é demasiado tarde para que a Rússia envie sinais que mostrem o respeito dos acordos (internacionais) e que permitam acalmar a situação na Crimeia e no leste da Ucrânia", acrescentou.

O porta-voz referia-se ao Memorando de Budapeste, de 1994, sobre a soberania da Ucrânia, e ao tratado sobre a frota russa do Mar Negro, de 1997.

Rússia e China de acordo

Entretanto, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros anunciou que a China e a Rússia possuem um largo entendimento sobre a situação na Ucrânia, anunciou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros após conversar ao telefone com o seu homólogo chinês.

Numa conversa telefónica, o Sergei Lavrov e o seu homólogo chinês, Wang Yi, observaram pontos de vista "amplamente coincidentes sobre a situação que se desenvolveu no país (Ucrânia) e em volta dela" revela um comunicado do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros.

Reino Unido adverte para as consequências

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, advertiu a Rússia para as "consequências e custos" das suas ações na Ucrânia, onde forças pró-russas controlam partes da península da Crimeia.

"Esta não pode ser a maneira de conduzir questões internacionais no século XXI", disse Hague em Kiev. "Não é uma maneira aceitável e vai ter consequências e custos", acrescentou.

Hague não precisou de que consequências falava, mas disse que o Reino Unido está a avaliar medidas económicas e diplomáticas, não militares.

"O que se passa na Crimeia é uma violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia. Vamos dar passos decisivos para lhe pôr fim. O mundo não vai abandonar a Ucrânia", disse o ministro britânico, que falava à imprensa em Kiev depois de um encontro com o presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turchinov.

JN