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"Não" venceu na Escócia, mas a festa foi do "sim"

Partidários da independência em Glasgow, que votou "sim" ROBERT PERRY/EPA

Várias centenas de simpatizantes do "sim" no referendo escocês mantiveram-se até ao amanhecer, em frente ao parlamento de Edimburgo. Esperançosos, ainda acreditavam na vitória da independência escocesa.

"Estou aqui porque acredito na democracia e quero que a Escócia seja um país independente", grita uma activista, professora de Economia Política eSociologia, na Universidade de Edimburgo, que votou "sim" no referendo. "É ummomento muito importante para reconhecer que os povos precisam de se governar asi próprios e de conseguir autodeterminação", afirmou Sharon Cohen, tambémdocente, na área do Direito, na Universidade de Edimburgo, ao JN. Ambas sejuntaram aos festejos por um resultado que não veio a concretizar-se.

"Gostaríamos que a Escócia tivesse a sua identidade nacional e soberania sobreo seu território", afirmou a professora de Direito, numa altura em que osresultados das primeira contagens já indicavam que a união histórica, com maisde três séculos, iria manter-se.

"Mesmo que sem vencermos, eles vão ter que lidar com esta grande questão, que éa mobilização de mais de 2 milhões de pessoas que querem ver a Escócia como umpaís independente", disse Sharon Cohen, advertindo que "mesmo os que votaramnão, querem mais poderes para a Escócia".

Ao início da manhã, a vida regressou ao normal. A caminho do posto de trabalho,um funcionário do City Council afirmou ao JN que por sua vontade teria votadopela independência, mas faltou-lhe "informação" para poder decidir-se pelo "sim".

"Eles não responderam a questões básicas sobre o futuro económico e financeiroda Escócia", afirmou, considerando que a permanência no Reino Unido lhe dá maisgarantias "do ponto de vista económico, da segurança, do emprego e das pensõesde reforma".

No entanto, o argumento da melhoria das condições sociais é também utilizadopelos defensores do sim, os quais aguardavam que a independência lhes trouxessemudança nu nível de vida que anseiam.

"Os ingleses vão ficar com o nosso petróleo e todos os proveitos que seriampara a Escócia. Vamos perder uma fortuna. Este país vai perder uma fortuna",afirmou um taxista ao JN. Partidário da independência, assegurou que "acampanha para o próximo referendo começa desde já. Perdemos, mas vamos voltar".