As pessoas acordaram, esta sexta-feira, em Glasgow "cabisbaixas" por ter sido rejeitada a independência da Escócia no referendo, enquanto o ambiente "sossegado" em Edimburgo reflete o regresso à normalidade, contam dois portugueses residentes naquelas cidades.
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A caminho da universidade onde é professor, Luís Gomes conta à agência Lusa que "andam todos cabisbaixos" nas ruas de Glasgow, onde o apoio ao "sim" foi expressivo: 53,49% dos eleitores votaram pela independência.
A maior cidade escocesa acordou esta manhã debaixo de uma neblina e o ambiente é calmo, até porque as celebrações preparadas pelos nacionalistas não se chegaram a realizar.
"O discurso do [primeiro-ministro David] Cameron levantou dúvidas sobre quando serão cumpridas as promessas de maior independência fiscal. Falou demasiado de [descentralização de poderes para] Inglaterra e a calendarização é indefinida", refere.
Por isso sente que este foi um "duplo balde de água fria", para os que queriam independência e perderam, mas também para os que votaram "não" e agora estão "incrédulos" com a possibilidade de terem de esperar mais de um ano por aquelas promessas.
Em Edimburgo, Jorge Sousa, empresário da construção civil, vê esta manhã "tudo sossegado" e um regresso à normalidade, depois de várias semanas de campanha mais ativa.
"As pessoas já não têm medo de dizer que votaram no 'não' e que estão aliviadas porque tinham medo de pagar mais impostos", referiu à Lusa.
O ambiente só é "pacato" porque a independência foi rejeitada, acredita, pois se tivesse ganhado, "hoje metade das pessoas não trabalhava" para festejar.
"Agora voltou tudo ao normal porque, afinal, assim também não estamos assim tão mal", vincou.
Os escoceses recusaram, esta sexta-feira, com uma diferença de cerca de 10 pontos percentuais, a independência do Reino Unido.
Quando falta apurar o resultado de uma das 32 divisões administrativas, o "não" registava 55,42% dos votos (1,91 milhões) contra os 44,58% (1,53 milhões) dos partidários da independência.