Segurança

Diretor do SIS apanhado a ajudar suspeito de liderar rede dos vistos gold

Manuel Jarmela Palos é o primeiro diretor nacional de uma Polícia a ser detido Paulo Jorge Magalhães / Global Imagens

O diretor do Serviço de Informações e Segurança, Horácio Pinto, terá sido apanhado pela Polícia Judiciária a ajudar o presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo, detido por suspeita de corrupção. PJ fotografou transações milionárias em dinheiro na investigação aos vistos dourados, caso que levou a demissões no Estado e afeta círculo próximo de ministro Miguel Macedo. Presidente do SEF já começou a ser ouvido.

O Serviço de Informações deSegurança confirmou que levou a cabo uma "limpeza eletrónica", tratando-se de uma "operação frequente em muitasoutras instituições do Estado".

O presidente do Serviço deEstrangeiros e Fronteiras (SEF), Manuel Jarmela Palos, é o primeiro a serouvido pelo juiz Carlos Alexandre, no "Campus da Justiça", emLisboa, no âmbito da operação Labirinto, que culminou com adetenção de 11 pessoas, entre estas o presidente do Instituto deRegistos e Notariado, António Figueiredo.

Manuel Jarmela Palos começou a serouvido por volta das 10.30 horas da manhã deste sábado. O juizCarlos Alexandre foi o primeiro a chegar ao tribunal, cerca das 8.40horas, 20 minutos antes da hora prevista para o início dasinquirições, que devem prolongar-se por todo o dia, eventualmenteaté de madrugada.

Recorde-se que os 11 detidos foramontem presentes ao Tribunal de Instrução Criminal, apenas partaidentificação, processo que só ficou concluído cerca das 0.30horas.

Manuel Jarmela Palos, que fica para ahistória como o primeiro diretor nacional de uma Polícia a serdetido. O caso levou à demissão dasecretária-geral do Ministério do Ambiente, Albertina Gonçalves, emexeu com outras figuras do Estado. Maria Antónia Anes, secretária-geral do Ministério daJustiça, deixou uma carta de demissão, antes de ser exonerada pelaMinistra da Justiça, e António Figueiredo suspendeu funções.

Alguns dos suspeitos são das relaçõespessoais ou profissionais do ministro da Administração Interna,Miguel Macedo, que terá já garantido ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que não tem nadaa ver com os casos. A nível institucional, será ovice-primeiro-ministro Paulo Portas a responder pelo Executivo àsquestões sobre o caso, que mexe, também, com osserviços secretos.

Diretor do SIS apanhado a ajudar suspeito de liderar rede dos vistos gold

O diretor do Serviço de Informações e Segurança (SIS), Horácio Pinto, terá sido fotografado a entrar na sede do Instituto de Registos e Notariado, em Lisboa, com uma equipa "das secretas" para averiguar se o presidente daquele órgão, António Figueiredo, estaria sob escuta.

O presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), António Figueiredo, detido sexta-feira no âmbito do caso dos vistos gold, não estava a ser escutado, mas estava a ser vigiado pela Polícia Judiciária, que fotografou a chegada dos três homens do Serviço de Informações e Serviços (SIS), o próprio diretor, Horácio Pinto, e dois não identificados.

"Os homens foram fazer um varrimento a pedido expresso de António Figueiredo", revelou ao jornal "Expresso" uma fonte próxima do processo. O caso remonta a maio, dois meses após ter sido noticiado nos jornais que António Figueiredo estaria a ser investigado.

Segundo relata aquele semanário, António Figueiredo receava estar sob escuta ou com o computador monitorizado, daí a ajuda dos elementos do SIS. Um procedimento "claramente ilegal", como disse, sexta-feira à noite, na SIC Notícias, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, e feito à revelia da Justiça.

O "Expresso" refere, ainda, que António Figueiredo foi sócio num escritório de advogados de José Luciano Oliveira, antigo número dois do SIS e que terá feito o relatório que ilibou de irregularidades o ex-diretor do SIED, Jorge Silva Carvalho, que ficou conhecido com o "superespião, que seria entretanto acusado de corrupção pelo Ministério Público.

O presidente do Instituto de Registos e Notariado é suspeito de ter recebido luvas diretamente de cidadãos chineses encarregados de angariar clientes para comprar imóveis e assim obter vistos dourados.

António Figueiredo é, de acordo com informações recolhidas pelo JN, apontado como suspeito de ter utilizado meios do próprio instituto dependente do Ministério da Justiça para ajudar empresários chineses em favor de atividades de prospeção imobiliária.

De acordo com o "Diário de Notícias", durante a investigação ao processo, a Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária fotografou vários pagamentos em numerário, "todos superiores a 500 mil euros", o montante mínimo exigível na compra de casa para ter direito a um visto gold.

Fonte próxima da investigação disse ao DN que os montantes transacionados terão atingido "milhões de euros", sem controlo fiscal ou comunicação obrigatória à Unidade de Informação Financeira da PJ.