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O F. C. Porto despediu-se do estágio nos Países Baixos com um empate (2-2) no terreno do Clubb Brugge, campeão belga em título. Mais do que resultado, num jogo disputado em ritmo vivo, foi bem visível uma equipa alegre, bem disposta e atacante. Será este o "estilo Co Adriaanse". Os dragões mereceram erguer a taça, disputada aos penáltis (6-5). Podem mostrá-la, hoje, na festa de apresentação aos sócios, no Estádio do Dragão (21.30 horas).
Esqueça-se o resultado, que é o que menos interessa nestes jogos de preparação. O que convém lembrar do desafio com o campeão belga é a boa disposição dos dragões para a prática de futebol atacante e atractivo. O F. C. Porto ainda não foi o estádio supremo da arte, não foi o Van Gogh nem o Rembrant que o treinador holandês reclama como modelos de perfeição, mas foi já o esboço de uma equipa muito organizada e predisposta para jogar muito e bom futebol.
O 4x3x3 que Adriaanse tanto apregoa esticou-se pelo relvado do estádio Jan Breydel em muitas variantes, com Jorginho à direita, Lisandro à esquerda e McCarthy e Postiga em trocas constantes na ponta do ataque um subia para 9, outro descia para 10 e vice-versa; mais atrás, Lucho (algo discreto) desempenhou o posto 8 e Raul Meireles fez de "trinco", garantindo a qualidade de passe que Adriaanse quer nas primeiras fases de construção de jogo.
Na posição que Adriaanse considera ser a de desempenho mais difícil na esquematização táctica da equipa, Hélder Postiga mostrou que tem valor para a ocupar. Ele foi o melhor portista em campo. Defendeu e atacou, como o treinador exige ao número 10. E foi de uma iniciativa do poveiro que resultou o penálti cometido por Vermant e concretizado por Benni McCarthy (10 m). O melhor futebol dos dragões já confundia os belgas. Mas, comprometia na defesa.
Foi na retaguarda que o F. C. Porto revelou mais brechas. A defesa portista (com dois laterais novos, Sonkaya e Leandro) foi algumas vezes surpreendida pelos extremos belgas e pelas diagonais dos médios do Brugge, sempre ou quase sempre no limite do off-side. Foi assim que Verheyen esteve prestes a empatar, não fosse o pronto-socorro Ricardo Costa.
Rectificadas as marcações, o F. C. Porto tomou conta do jogo, mas sofreria o empate, inesperado Lucho fez penálti sobre o croata Leko, e o compatriota deste, Balaban, igualou o marcador, pouco antes do intervalo.
Para o segundo tempo, Co Adriaanse lançou Ibson e Ivanildo, para os lugares dos argentinos Lucho e Lisandro. O F. C. Porto continuou a produzir o jogo mais vistoso, em nítida afronta ao processos mais musculados do Brugge. Jorginho falhou, de cabeça, na pequena área, e rematou para grande defesa do guarda-redes belga. E Hélder Postiga falhou na cara de Butina, cabeceando sem convicção (que mancha!).
Já com Ivanildo e, depois, com Quaresma em campo, os dragões continuaram a mandar no jogo, chegando a uma vantagem justíssima, com um golo de Ricardo Costa (79 m). O central portista (boa exibição) emendou, à boca da baliza, um cruzamento de Quaresma, após brinde da defesa belga.
Quaresma ainda esteve perto de aumentar a vantagem. Mas foram os belgas, outra vez quando ninguém esperava, que voltaram a marcar. Balaban, sem marcação na pequena área, cabeceou para o fundo da baliza à guarda de Hélton. O ex-guarda-redes da União de Leiria foi decisivo, ao defender o 12.º penálti, garantindo a conquista da taça Torten Goetinck.
Jogo no Estádio Jan Dreydel, em Brugges, na Bélgica. Espectadores cerca de 22 mil. Árbitro: Paul Allaerts (Bélgica), auxiliado por Mario Carette e Franky Vandoorne. Cartão amarelo: Ricardo Costa (12 m), Paulo Assunção (72 m). Clubb Brugge: Butina; De Cock (Vanaudenaerde, 83 m), Vermant (Dufer, 70 m), Klukowski e Clement; Verheyen, Englebert, Balaban e Spilar (Ishiaku, 46 m); Leko (Bondel, 76 m) e Maertens. Treinador: Jan Ceulemans. F.C. Porto: Vítor Baía (Hélton, 46 m); Sonkaya (Paulo Assunção, 72 m), Ricardo Costa, Pedro Emanuel e Leandro; Raul Meireles, Lucho Gonzalez (Ibson, 46 m) e Lisandro Lopez (Ivanildo, 46 m); Jorginho (Quaresma, 70 m), Benni McCarthy (Hugo Almeida, 70 m) e Hélder Postiga (Pepe, 86 m). Treinador: Co Adriaanse.
Ao intervalo 1-1. Marcadores: Benni McCarthy (10 m, de penálti), Balaban (45+1 m, de penálti), Ricardo Costa (79 m) e Balaban (88 m).