Parece que foi ontem, mas a verdade é que o "Contra-Informação" - um programa da RTP onde várias personagens da vida quotidiana dos portugueses são satirizadas à medida que interferem com a "agenda" do dia - festeja hoje nove anos de existência.
Normalmente, são os políticos os mais visados pela causticidade da equipa da Mandala, a produtora responsável pela introdução e manipulação desses criativos bonecos em Portugal. E estão todos lá Santana Flopes, Dona Odete, Mário Só Ares, Major Valentão, Manuela É Canja, Furão Barroso, entre dezenas de visados. Basta porem o pé em "ramo verde" e logo ganham um lugar no programa.
Como prova dessa atitude mordaz, hoje à noite, em ambiente de festa de aniversário, é apresentado um novo boneco, que vai interpretar inicialmente o filho de Manuel Maria Sarilho. Chama-se "Bebé" e é o representante da figura pública mais imberbe de que há memória a entrar no panteão do "Contra".
E como é que um bebé , que mal balbucia a palavra "papá", teve já honras de "Contra"? A razão é simples ao usar a sua vida familiar em prol da campanha em que participa, as eleições autárquicas, o socialista Manuel Maria Carrilho lançou o peso da fama sobre o restante agregrado familiar, sobretudo pela sobeja contestação a esta opção de marketing político feita por Carrilho. Quando, daqui a uns meses, estiver olvidada toda a polémica à volta do filho de Carrilho, "Bebé" assumirá funções noutras situações cómicas, especialmente se houver outros políticos que optem pela exposição da família durante uma caça ao voto, avançou a produção.
Mas nem só de infantes se vai compor a noite de hoje, na "tenda das Arábias" montada no parque de estacionamento da RTP. Pelas 19 horas, cerca de 400 convidados vão participar na feitura de uma emissão do "Contra" e assistir a um espectáculo com as vozes do programa. Haverá ainda oportunidade para ver Francisco Louçã a receber em mãos o prémio de "Boneco do Contra do Ano". O prémio é ele próprio um boneco. Todos os dias cerca de 60 pessoas dedicam-se a montar as emissões de poucos minutos, antes do Telejornal. Cada boneco tem um custo aproximado de 10 mil euros. Tudo em nome da sátira democrática, iniciada em Abril de 1996.
