Câmara Municipal de Ílhavo está a ser inquirida pela Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) por causa do barulho e de alegados desacatos que alguns munícipes relacionam com o funcionamento de dois bares, no centro da cidade um até às 2 e o outro até às 5 horas.
A diligência da IGAT foi desencadeada por uma denúncia de moradores, que acusam a Câmara de "tratamento discriminatório" e o presidente da autarquia, Ribau Esteves , de "total indiferença". E, na medida em que também refere a aparente incapacidade da Guarda Nacional Republicana (GNR) para pôr termo aos desmandos, o documento acabou por seguir também para a Inspecção-Geral da Administração Interna, por iniciativa da IGAT. As queixas contra os bares "Expresso do Oriente" e "Pegasus" não são novas. "O problema mantêm-se há vários anos", dizem os moradores - apesar das "dezenas de reclamações à Câmara, Junta de Freguesia, GNR, Governo Civil (...), sem qualquer resposta, até hoje".
Os moradores queixam-se do barulho, que não os deixa descansar.Mas, também, de desacatos e prejuízos materiais. "Deixam os clientes vir alcoolizar-se para a rua (...), quebram garrafas e copos no mobiliário urbano, nas casas e viaturas aí estacionadas", protestam , insurgindo-se por o "Pegasus" ser o único bar do concelho com licença até às 5 horas e por a Câmara persistir em não reduzir o horário do estabelecimento, ao contrário do que tem feito em relação a outros.
Ontem, Ribau Esteves recusou-se a "falar do inquérito em público" e desvalorizou a denúncia. "Na substância, está bem longe da realidade factual que é a vivência na Calçada de Carlos Paião, induzida pelos bares". Do lado da GNR, o alferes Henrique Farias, disse, ao JN, que é natural que haja algum barulho à volta de um bar que trabalha até às 5 horas, mas considerou que "não há, nessa zona, problemas especiais de segurança".
Inquérito à Câmara
por causa de dois bares
Sem livro de reclamações
Um dos moradores da zona da Calçada de Carlos Paião, que acusam a Câmara Municipal de Ílhavo de inoperância e tratamento discriminatório no caso dos bares, diz que, há dias, não pode fazer mais uma reclamação, porque a Câmara não tem livro de reclamações. "Não queria acreditar!", diz Rui Bela. "Disseram-me que não há livro de reclamações e recusaram declará-lo por escrito", acusa. O presidente da Câmara confirma, mas explica "Encomendámos 10 livros de reclamações, mas a Imprensa Nacional/Casa da Moeda ainda não os enviou, pelo que não podemos ter o que não existe. Mas há outras vias para reclamar, sempre tivemos", garante.
