"Estação das Devesas
é um pardieiro indigno"
ACâmara Municipal de Gaia vai "obrigar" a Refer a "pôr cobro à vergonhosa situação que se vive na estação das Devesas". Luís Filipe Meneses anunciou, ontem, que os serviços municipais irão fiscalizar a gare e notificar a empresa para que proceda à demolição de imóveis e equipamentos desactivados, revelando que a Refer nem sequer autoriza a autarquia a proceder, por mote próprio, a alguma obras de requalificação.O autarca, que visitou a estação com diversos vereadores e directores de serviço, disse estar disposto a levar o processo "até às últimas consequências".
"Há estações da Linha do Minho que parecem o Centro Cultural de Belém, quando comparadas com a estação das Devesas. Temos travado uma luta incessante, mas tolerante, nos últimos anos, agora basta", afirmou Luís Filipe Menezes.
Vergonha
O presidente da Câmara de Gaia apelidou a estação de "pardieiro indigno", insurgindo-se contra o seu estado de degradação. "Como se pode falar em TGV, investimento de dez mil milhões de euros e ter, na terceira cidade do país, um pardieiro destes? É uma vergonha. Nenhuma das regras que o Estado exige aos cidadãos é aqui cumprida", considerou.
Por seu lado, Marco António Costa, vice-presidente da Câmara, revelou que a autarquia apresentou, no ano passado, um projecto de requalificação da envolvente da estação, que previa, entre outras obras, o reperfilamento da Rua de Pinto Valente, a demolição de um armazém e a repavimentação do parque de estacionamento. "O projecto está orçado em 250 mil euros e, como a Refer parece não ter dinheiro, seria a Câmara a suportá-lo. No dia 21 de Novembro do ano passado, a empresa comprometeu-se a enviar a minuta do protocolo, o que ainda não aconteceu", afirmou Marco António Costa.
Por outro lado, Luís Filipe Meneses salientou que a Via do Centro Histórico se encontra parada por culpa da Refer. "Deve ser a única estrada do país em que só o meio está concluído. A Metro do Porto já lá gastou muitos milhares de euros, mas a Refer diz-nos para esperar, pois aquele canal poderá ser necessário para a passagem do TGV", sublinhou.
O JN tentou,ontem, obter, em tempo útil, a posição da Refer sobre os assuntos em causa. Em vão.
Menezes concorda que o Governo controle a Metro
Luís Filipe Meneses concordou, ontem, com a eventualidade de o Governo assumir o poder decisório na empresa Metro do Porto. "É bem feito. Só perde poder quem não sabe lutar por ele. Não tenho nada a ver com a gestão da Metro do Porto. Nunca me quiseram lá e, por outro lado, há anos que nada tenho a ver com a Junta Metropolitana do Porto", frisou o autarca. Uma posição que contraria o sentimento generalizado dos restantes autarcas e da Junta Metropolitana do Porto, que encaram com algum cepticismo a mudança do modelo de gestão da sociedade, em que o Estado passará a deter a maioria na estrutura accionista da Metro, hoje nas mãos da Junta. "Não faz sentido alterar um projecto de sucesso, bem feito e com custos mais baixos dos que os de Lisboa", referiu, na passada semana, o presidente da Junta, Rui Rio. O novo modelo, conforme o JN noticiou, deverá ser anunciado esta semana. A proposta do Governo prevê uma gestão mais profissionalizada.
