pedido soou, no mínimo, estranho aprender inglês em três semanas. Rui queria ir trabalhar para os Estados Unidos mas precisava de aprender a língua. Lembrou-se de António Pinho, o professor que, naquela altura, andava pelo éter da Rádio Afifense, em Viana do Castelo, a ensinar inglês aos ouvintes. O método era simples: através de músicas conhecidas, ia desmontando a letra. A resposta de António Pinho a Rui foi: "Vai lá para os Estados Unidos e boa sorte. É impossível aprender inglês em três semanas!".
Ainda assim, o ex-professor do secundário deu-lhe cassetes, da sua autoria, onde "de uma forma completamente diferente e original, se ensina a língua inglesa".
Olhado com desconfiança pelos outros professores no início de cada ano lectivo, António Pinho acabava sempre por ter alunos com óptimas notas "No fim, tinha muitos entusiastas pelo meu método e, por isso, comecei a gravar cassetes com músicas tiradas de vinil e letras copiadas à mão".
Chegou a apresentar o método ao Ministério da Educação mas, até hoje, está à espera de resposta e "das cassetes". O curso, que já foi actualizado, vai passar agora para CD. António Pinho é também autor de um curso de alemão, nos mesmos moldes.
O sucesso radiofónico começou em 1985. Intitulado "Entender e Aprender", o programa levou à criação de uma rede de ouvintes "que recebia os exercícios em cafés predeterminados, tirava fotocópias, fazia os trabalhos e, depois, eu ia buscá-los". Licenciado em Germânicas, pela Universidade de Coimbra, ("mas sem muita frequência, porque sempre me vi como um autodidacta", afirma), António Pinho acabou a licenciatura com um "Bom".
A aposentação e consequente depressão levou-o até Angola (a uma empresa petrolífera), onde durante quatro anos e meio - por intermédio de ex-alunos de Vila Praia de Âncora -, ensinou inglês a angolanos em horário pós-laboral e português aos administradores árabes. As cassetes seguiram com ele numa arca que foi obrigado a abandonar quando regressou. O sucesso do curso foi tal que "ainda hoje há cassetes à venda no mercado negro, a preços exorbitantes e tenho informações de que no Congo já há pessoas a aprender inglês com as minhas cassetes".
