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Uma centena de trabalhadores da ex-Metalúrgica Duarte Ferreira (MDF), em Tramagal, Santarém, está há 22 anos à espera de receber salários em atraso e as indemnizações que lhes são devidas por despedimento colectivo, denunciou ontem o Sindicato dos Metalúrgicos
O Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do distrito de Santarém, com sede em Tramagal, afirma em comunicado que "mais de uma centena de operários metalúrgicos que prestaram serviço na então prestigiada MDF estão há 22 anos com salários em atraso e sem as indemnizações que lhes são devidas por despedimento colectivo ilícito". Álvaro Branco, porta-voz da estrutura sindical, disse ontem que "o processo arrasta-se devido ao procedimento prepotente e insensível das Administrações da Siderurgia Nacional e da Segurança Social que têm interposto recurso após recurso fazendo arrastar o processo judicial".
Segundo disse, "a MDF, por processo de sucessão, deu lugar a outras empresas, entre elas a que foi designada de Metanova e que assumiu as responsabilidades relativamente aos direitos dos trabalhadores transferidos, agora credores na sequência da falência de ambas as empresas".
Álvaro Branco disse que "duas dezenas de anos depois nem um cêntimo foi pago não obstante a decisão favorável aos trabalhadores proferida então pelo Tribunal de Trabalho de Abrantes".
"É uma situação vergonhosa para a nossa democracia e para um Estado de Direito, até porque ao longo deste processo já faleceram vários ex-trabalhadores em condições indignas por falta de apoios e de dinheiro", disse.
O porta-voz do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Tramagal disse que "a inexorável conduta dos responsáveis por aquelas duas instituições toma foros de escândalo quando decidem interpor agora novo recurso para o Supremo Tribunal de Justiça, 22 anos depois, e após o mais recente acórdão proferido pelo Tribunal da Relação de Lisboa". Álvaro Branco disse acreditar, "pese embora todas as dificuldades e atropelos neste longo processo judicial e sem prejuízo de recorrermos ao Provedor de Justiça ou a acções públicas de manifestações de protesto", que "os trabalhadores envolvidos e as famílias dos que já faleceram verão reposta a legalidade do processo com o pagamento dos créditos a que os trabalhadores têm direito e aguardam desde 1985".
