Acordo Ortográfico: "Quem insiste em contestá-lo está com o síndroma salazarista" - reitor da ULP
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Porto, 04 Abr (Lusa) - O reitor da Universidade Lusófona do Porto (ULP), Fernando Santos Neves, defendeu hoje que "Portugal não perde a honra ao ratificar o Acordo Ortográfico" e "quem insiste em contestá-lo, está com o síndroma salazarista".
"Essa visão tem que ser ultrapassada. Portugal não perde a honra ao ceder ao Acordo, pelo contrário, a língua portuguesa é o tesouro mais precioso que Portugal pode oferecer aos povos e quem insiste em contestá-lo está com o síndroma salazarista", declarou Fernando Santos Neves, em conferência de imprensa.
No âmbito da XIV Semana Sociológica, promovida por aquela Universidade a 7 de Abril, o Acordo Ortográfico vai ser discutido "enquanto questão política e geo-estratégica, já que está na ordem do dia, com grandes defensores e opositores", afirmou o reitor.
"É o Brasil que faz com que haja o Acordo, necessário por razões históricas, já que Portugal tem um peso menor em relação ao Brasil, em termos territoriais e, ao mesmo tempo, um peso maior, por pertencer à União Europeia", acrescentou.
O reitor disse à agência Lusa que o Acordo "é inevitável mas não é uma tragédia, porque a língua continua a mesma com um grande pluralismo".
Fernando Santos Neves defende que Portugal "tem que ratificar o Acordo, senão ficará sozinho".
Quanto às dificuldades de aprovação e adaptação do Acordo Ortográfico, o reitor assegura que não vai ser complicado, uma vez que muitos livreiros portugueses já começaram a adapta-se "ao inevitável".
O Acordo Ortográfico foi rubricado em 1991 e deveria ter entrado em vigor em 1994 mas apenas três dos oito Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram o acordo e os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os estados membros.
A XIV Semana Sociológica realiza ainda outras iniciativas como o lançamento do Prémio da Lusofonia, a assinatura de um protocolo com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a publicação de uma revista da Universidade Lusófona segundo as normas do Acordo Ortográfico, como gesto simbólico.
MZB.
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