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Funchal, 15 Abr (Lusa) - O Tribunal de Vara Mista do Funchal começou hoje a julgar três indivíduos de nacionalidade grega alegadamente envolvidos no crime de tráfico de estupefacientes com destino ao norte da península Ibérica.
O caso remonta a Fevereiro de 2007 quando um veleiro com tripulação grega foi apreendido a 100 milhas náuticas a noroeste da Madeira com 66 fardos de cocaína num total de 1500 quilogramas, numa operação conjunta da Polícia Judiciária, Marinha e Força Aérea Portuguesa.
De acordo com a acusação, os três tripulantes do Blaus VII "sabiam a natureza dos produtos que transportavam e que se destinavam a ser comercializados".
Os arguidos optaram por não fazer declarações, tendo o julgamento decorrido com a tradução de uma funcionária da embaixada da Grécia em Lisboa.
Na sessão de hoje foram ouvidas três testemunhas arroladas pelo Ministério Público, designadamente uma funcionária da marina da Calheta, onde o veleiro esteve ancorado por três vezes, o gerente de um restaurante e um agente da Polícia Judiciária que esteve ligado ao caso mas após a detenção dos arguidos.
A funcionária da marina da Calheta disse ao Tribunal que nunca tinha visto os três arguidos porque quem apresentava sempre os passaportes na recepção era um indivíduo de nacionalidade italiana alegadamente proprietário do veleiro.
Revelou ainda que os funcionários da marina não fazem vistorias às embarcações que entram e saiem da esma.
O gerente do restaurante da marina confirmou ter arranjado uma refeição rápida a pedido do referido italiano tendo reconhecido apenas um dos arguidos, "mas sem ter a certeza", por usar óculos.
O agente da PJ disse que apenas tinha entrado neste processo depois da detenção do barco e dos três arguidos, numa fase de recolha de informação, quer na marina da Calheta, quer junto de espaços comerciais onde os gregos adquiriram vestuário apropriado para navegação marítima e víveres.
O julgamento, presidido pelo juiz Jaime Pestana, prossegue na próxima terça-feira com a audição de mais seis testemunhas, quatro das quais agentes da PJ.
EC
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