Corpo do artigo
Esqueçam-se os Dom Rodrigo ou queijinhos de amêndoa, porque nas praias algarvias a iguaria da moda é a bola de Berlim. Segundo os fornecedores e a Polícia Marítima podem vender-se 20 mil unidades no Algarve num só dia de Verão - ou seja, 600 mil bolos em Julho e Agosto.Isto com uma média de cinco vendedores ambulantes de bolas de Berlim em cada um dos 16 municípios algarvios (80 no total).
A agência Lusa encontrou um bom exemplo um vendedor ucraniano, que vende uma média de 250 bolas por dia, com uma margem de lucro de 60 por cento - compra-as a 40 cêntimos e depois vende cada uma a um euro.
"A minha malta só leva bolas para a praia, mas há quem leve bolos de amêndoa, de coco, bolacha americana, parece uma vitrina", conta, por seu lado, Carlos Ramires, há 30 anos no ramo da doçaria e com fábrica em Faro.
O pasteleiro Carlos Ramires, 47 anos, conta que antigamente a época da bola de Berlim abria em Maio, quando começava o bom tempo, mas admite que, hoje, o período forte passou a ser apenas entre o 15 de Julho e a primeira quinzena de Agosto. Nada mais do que os trinta dias de Verão em que circulam nas praias algarvias cerca de 600 mil bolas de Berlim, ou seja 600 mil euros que os turistas desembolsam enquanto bronzeiam e descansam no Algarve.
Um dos maiores problemas neste ramo é existirem muitos vendedores sem licenças. São "largas dezenas apanhados todos os anos", assegura o comandante da Polícia Marítima, Reis Águas. Muitos imigrantes desempregados tentam a sua sorte na venda de "pé posto", como é o caso dos cidadãos brasileiros e de países do Leste Europeu que conforme as nacionalidades vão brincado com a expressão "bolinhas de Berlim". Entre as "bolinhas com cremi ou sem cremi" com sotaque do Brasil, passando pelas "olinhas orlim", com pronúncia algarvia, até às meticulosamente soletradas por moldavos romenos ou ucranianos, as bolinhas têm sempre saída.
A moda, aliás, não recebe reparos das entidades oficiais. A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) diz que as bolas de Berlim com creme, desde que sejam frescas e protegidas, não apresentam nenhum perigo para a saúde pública porque "o creme utilizado não tem ovos, é um adoçante que não se altera com as altas temperaturas", e afasta o perigo das salmonelas. Cecília Malheiro, Lusa
