João Gil está de regresso às edições. Poucos meses após ter abandonado a Ala dos Namorados, o músico lança, na próxima semana, o segundo disco da formação que fundou juntamente com Nuno Norte e Rui Costa (ex-Silence 4) a Filarmónica Gil.
Intitulado "Por mão própria", o novo trabalho representa "uma sonoridade que não estava definida" e "reflecte um ano e tal de estrada", tal como afirmou João Gil ao JN. "É uma trabalho de maturidade", prosseguiu ainda, frisando que as novas canções espelham "a identidade e o espaço próprio de cada um". Apesar de ser a face mais visível da banda, o ex-Trovante faz questão de valorizar os seus colegas de banda "A nossa música é uma conversa a três, há espaço de partilha e sou sensível às pessoas com quem trabalho", asseverou.
A seu lado, o músico Nuno Norte admitiu que, "no primeiro disco, andei um pouco às cegas". Mas agora, garantiu, "estou mais à vontade, sinto-me mais liberto e a minha interpretação é diferente. A sonoridade tem muito de nós", continuou o jovem músico, apontando que "saímos de uma coisa acústica, mais fechada e seca, e agora temos uma coisa mais livre, aberta e que vai a vários sonoridades".
Em jeito de síntese, rematou "Isso reflecte cada pedacinho de nós, das nossas influências e da bagagem que cada um traz". "Mas nessa diversidade toda conseguimos ter uma sonoridade", acrescentou João Gil, ao mesmo tempo em que admitiu ser "complicadíssimo ter uma sonoridade", algo que pode "levar uma vida inteira" e, por vezes, "nem se consegue". O músico mostrou-se optimista: "Estamos perto da ideia de qualquer coisa de novo e isso é fascinante".
João Gil falou ainda mais sobre as diferenças que existem entre o trabalho na Filarmónica Gil com o da Ala dos Namorados. "Há várias diferenças devido ao percurso de cada um e pelo facto de se juntarem três pessoas diferentes", explicou.
Na sua óptica, os membros da Filarmónica Gil trazem todos "um vocabulário diferente, mas que não é antagónico" e recordou a banda anterior de Rui Costa "Os Silence 4 foram uma experiência de transgressão, uma experiência honesta e profundamente transparente, pura mas carregada de delinquência musical", afirmou. "Fui muito sensível à inteligência que estava por detrás e foi isso que me levou ao Rui", confessou, ciente de que "havia ali qualquer coisa, pois não há milagres e as coisas não surgem do nada". O músico também não poupou elogios a Nuno Norte: "Quando o vi a cantar na televisão, pensei: este gajo tem um vozeirão. Às vezes temos preconceitos e marcamos logo as pessoas", observou. "Pensamos que lá por ele vir de um programa de televisão que é uma merda, logo ele também é uma merda e jamais irei trabalhar com um produto de um programa de televisão", comentou ainda, antes de lançar a crítica: "Em Portugal há muito este tipo de atitude".
"Somos um país demasiado pequeno para tantos preconceitos", afirmou, por seu turno, Rui Costa, o membro mais discreto e tímido da Filarmónica Gil. "Há muita inveja e há coisas castradoras", acusou novamente João Gil, apontando que " é difícil começar algo em Portugal, mas é fácil recolher os aplausos quando as coisas já estão a andar".
Depois do lançamento do disco, a Filarmónica Gil prepara-se para se dedicar a uma digressão que deverá passar por vários palcos de Norte a Sul do país. Para já, sabe-se que actuam em Angra do Heroísmo, nos dias 18 e 19 de Maio.
