Entre Janeiro e Junho deste ano morreram, na construção civil, 37 trabalhadores, menos 15 do que em igual período do ano passado. Dados que, de acordo com o Sindicato da Construção do Norte, contribuem para demonstrar que os acidentes mortais nas obras estão a diminuir. "Entre 1996 e o ano 2000 morreram 835 trabalhadores, enquanto que de 2001 a 2006 apenas se registaram 558 mortes", afirmou, ontem, no Porto, o sindicalista Albano Ribeiro, durante uma acção de sensibilização a 80 operários, que contou com a presença do presidente do Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho (ISHST).
Segundo Albano Ribeiro, esta redução de acidentes é fruto de uma cooperação, "nos últimos cinco anos, que envolveu muitas centenas de acções pedagógicas nos locais de trabalho com milhares de trabalhadores e centenas de empresas idóneas". E que lança Portugal, "pela primeira vez", no "caminho dos países europeus que mais cumprem em termos de regras de segurança".
Da mesma forma, completa Jorge Gaspar, presidente do ISHST, a diminuição da mortalidade assenta na "mudança de percepção que os empregadores e trabalhadores têm sobre o problema", designadamente na "profissionalização de um conjunto de técnicos que trabalham nas empresas e com os trabalhadores", bem como na "melhoria dos equipamentos de trabalho". Afinal, "não é possível evitar acidentes sem o empenho efectivo daqueles que estão no terreno".
Nelson Prata, responsável pela Segurança no estaleiro visitado, até está de acordo. Porém, censura o facto de o Estado "não incentivar as empresas cumpridoras em termos de segurança". É que muitos dos acidentes registados, indica Albano Ribeiro, ocorrem, sobretudo, nas pequenas e médias empresas. "Cerca de 75% dos acidentes mortais e não mortais acontecem fora das horas habituais de trabalho e em estaleiros com empreiteiros sem formação para trabalhar no sector".
Acresce, diz, que "60% das empresas de construção não possui estrutura, nem formação". Ora, como as acções do sindicato "incidem sobre as grandes e médias empresas", caberá à Inspecção Geral do Trabalho (IGT) o restante "Os acidentes podem diminuir ainda mais se a IGT cumprir as 3500 acções de fiscalização previstas para este ano nas pequenas empreitadas".
Até ao fim do ano, o sindicato vai sensibilizar para a segurança os trabalhadores de várias obras espalhadas pelo país, através de 165 acções no terreno, financiadas em 53 mil euros pelo ISHST.
