Corpo do artigo
O centenário do nascimento de Agostinho da Silva, um dos grandes pensadores do século XX, nascido no Porto, no dia 13 de Fevereiro, será comemorado como ele gostaria que fosse com gente a problematizar a sua obra, a partilhar o seu sorriso e modo de estar na vida. Em tempo de efeméride, prevêm-se tertúlias e alguma festa à mistura. O escritor, por certo, agradece.
"E posto que viver me é excelente, cada vez gosto mais de menos gente". A frase do filósofo (ou do futurista?) baila na memómia de muitos como um sinal do seu renovado inconformismo, um homem avesso a honrarias, às modas, ao "politicamente correcto". Andarilho, percorreu a diáspora. Mergulhou na cultura brasileira e procurou sempre fazer pontes entre os vários países e culturas. E falou da pátria no sentido nobre do termo. Pois bem Agostinho da Silva está vivo.
Para celebrar a memória do poeta, estão em andamento várias iniciativas. Umas, promovidas pela Associação Agostinho da Silva, outras por diferentes organismos e instituições. A Câmara do Porto também foi chamada a participar no evento, mas existem alguns silêncios "Desde que saiu da autarquia o vereador Paulo Morais, deixamos de ter informações. Já escrevi ao presidente da Câmara e não obtive resposta", disse, ao JN, o cineasta Jorge Neves, da Alfândega Filmes, produtora do documentário "Agostinho da Silva-Um Pensamento Vivo", de João Rodrigo Mattos, neto do escritor.
Entretanto, a editoral Âncora, de Lisboa, que desde 1999 tem vindo a publicar a obra de Agostinho da Silva, prepara uma antologia organizada pelo professor Paulo Borges (presidente da Associção Agostinho da Silva), uma auto-biografia do escritor, um volume com as actas de um colóquio realizado em Lisboa e um livro de Júlio Gomes, baseado na correpondência travada entre o investigador e o Agostinho da Silva.
"É com renovado prazer que nos associamos ao conjunto de iniciativas tendentes a celebrar o pensamento do escritor. O país deve muito a Agostinho da Silva", afirmou António Baptista Lopes, da Editorial Âncora.
Perante os alegados silêncios da Câmara, o JN contactou o respectivo gabinete de Imprensa, mas a sua porta-voz recusou prestar qualquer elemento. Entretanto, o JN apurou estarem em andamento diversas iniciativas e parcerias com outras instituições e organismos, tendentes a celebrar o nascimento do escritor e pensador.
