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Georgina Pereira lutou por uma casasocial, mas nunca pensou ser protagonista de um possível processo que poderá culminar em despejo. Uma história que começou há quase três anos, no início de Agosto de 2005, quando recebeu uma carta da empresa municipal GaiaSocial a acusá-la de lavar tapetes na entrada de casa, no 2.º andar da Urbanização D. Manuel Martins, em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia.
Na altura tentou saber, em vão, quem fez a denúncia e, numa audiência pedida à empresa municipal, foi-lhe garantido por um dos administradores, Silvano Teixeira, que "ninguém é despejado por sacudir tapetes". Porém, em Abril deste ano, uma nova carta voltou a inquietar Georgina, onde se ordena para "não sujar as zonas comuns, varandas, pátios, nem atirar lixo pelas janelas". Novamente é lembrado que "o processo poderá culminar com despejo".
Ana Paula, jurista da GaiaSocial, explicou, ao JN, que não é apenas por sacudir tapetes que a inquilina é acusada. "Há vários processos jurídicos instaurados contra Georgina", devido a cartas ( e queixas dos vizinhos à técnica social responsável pelo bairro) por "violação das regras na zona comum". As queixas dizem que Georgina "lava tapetes nas partes comuns"; "deita lixo pela varanda" e "sacode os tapetes contras as chapas à 23 horas, fazendo muito barulho". Ana Paula sublinha que "não é uma queixa isolada mas de vários munícipes" e que "já tentaram falar a bem com a inquilina, mas ela não aceita uma crítica ou um conselho e ainda trata mal quem a repreende".
Entretanto, na semana passada, no dia 23 de Maio, uma nova carta advertia a "não sacudir tapetes pelas janelas ou em áreas que afectem os vizinhos". A moradora de Oliveira do Douro admite que sacode os tapetes na varanda, mas nega lavá-los na zona comum.
No entanto, outra queixa mencionava o respeito pelo período de descanso, entre as 22 e as 7 horas. "Os vizinhos do lado não se queixam. O barulho de noite só poderá ser pelo meu filho, bebé, que chora todas as noites", diz Liliana Patrícia, filha de Georgina Pereira, que partilha a mesma casa, juntamente com o marido e o filho. "Quero ser confrontada com as pessoas que fazem estas queixas. Não fiz nada de ilegal", acrescentou.