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Ana Moura foi a grande atracção do Festival de Caça do Casino da Póvoa, realizado no fim-de-semana. A jovem fadista, que acaba de editar o álbum duplo "Aconteceu", foi uma surpresa para o público que se deslocou ao Salão de Ouro.
Na actuação, a artista recriou o fado nas suas variadas vertentes. Os fados tradicionais arrancaram fortes aplausos à plateia devido à forma genuína como os interpretou.
O concerto iniciou-se com "Guitarra", um fado clássico que cativou desde logo o público. Durante uma hora, acompanhada por um naipe de excelentes guitarristas, interpretou "Sou do fado", "Olhos azuis" ,"Fado Acácio", " Loucura", " Poeta" e outros êxitos fadistas. Com "Nem às paredes confesso", " Canto o fado" , "Mariquinhas" e " Bailinho à portuguesa", Ana Moura obrigou o público a acompanhá-la, cantando com entusiasmo os seus refrões populares. Na interpretação de "A casa da Mariquinhas", conseguiu mesmo aproximar-se do timbre vocal de Amália Rodrigues.
Influenciada pela diva, mas também por Dulce Pontes, Ana Moura começou a cantar o fado "por brincadeira", embora a tradição familiar não estivesse ausente, já que os pais eram fadistas amadores.
Há cinco anos, começou a cantar na casa de fados de Maria da Fé e José Luís Gordo, em Lisboa, onde conheceu o músico e compositor Jorge Fernando, que produziu os seus dois discos editados até à data, "Guarda-me a vida na mão" e o recente "Aconteceu". Antes disso, Ana Moura chegou a enveredar por uma curta carreira na área da música pop, como vocalista da banda Sexto Sentido.
Apesar da curta carreira, a jovem artista já actuou em França, Holanda e Itália. Neste momento prepara uma espectáculo para o Carnegie Hall de Nova Iorque, nos EUA, já esgotado. Recentemente, Ana Moura foi nomeada para o Edison Awards, o mais antigo e prestigiado prémio musical holandês, na categoria de world musica, pelo disco duplo "Aconteceu".
José Azevedo