Angola: FNLA critica ausência de novidades no discurso de Eduardo dos Santos na III conferência do MPLA
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Luanda, 10 Mai (Lusa) - O presidente da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) considerou hoje o discurso de José Eduardo dos Santos na abertura da III Conferência Nacional do MPLA "uma intervenção meramente partidária, sem nada de novo".
Ngola Kabango disse à Lusa que se tratou de um "discurso partidário, virado para o interior do partido no poder, não havendo nada de novo" nas palavras do líder do MPLA e Presidente da República de Angola.
Já o presidente da Frente para a Democracia (FpD), Filomeno Vieira Lopes, em declarações à Lusa, afirmou que o Chefe de Estado angolano pela primeira vez reconheceu que o país atravessa "uma situação difícil", não sendo fácil fazer a democracia na sua "verdadeira dimensão".
"Questões como a liberdade de expressão são ainda problemas por se resolver, mas o Presidente tem ainda a possibilidade de corrigir essa forma de actuação do MPLA", referiu.
Filomeno Vieira Lopes entende ainda que Eduardo dos Santos também reconheceu que as eleições devem ser decretadas, sugerindo que o faça de "imediato" para que os partidos políticos se apresentem ao pleito eleitoral em condições mínimas.
Por seu lado, o líder do Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP/ANA), Sediangani Mbimbi, afirmou que não será em quatro anos que o MPLA vai dedicar "especial atenção" à juventude e às mulheres, o que não o fez em mais de 15 anos, desde as eleições de 1992.
"Para mudar o mundo é preciso mudar o homem. Por isso o MPLA já não serve para governar Angola, porque sempre apresentou novos programas e no fundo nada fez", referiu Sediangani Mbimbi.
Na abertura da III Conferência Nacional do MPLA, na sexta-feira, e que hoje termina, José Eduardo dos Santos, entre outras promessas, disse que o governo do seu partido pretende criar 1,3 milhões de empregos e alcançar um crescimento económico anual de 17,8 por cento na próxima legislatura (2009-2012), afirmou hoje o líder do partido e Presidente de Angola.
José Eduardo dos Santos disse ainda que a criação de postos de trabalho permitirá reduzir o desemprego para uma taxa inferior a 15 por cento.
O governo angolano não dispõe de números exactos sobre o desemprego, mas o Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social estimou, em 2006, que rondaria os 40 por cento.
Com cerca de 15 milhões de habitantes, Angola tinha uma população activa superior a 6,5 milhões de pessoas em 2007, segundo dados do Banco Mundial.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo de África, com 1,9 milhões de barris por dia, indústria que é responsável por 80 por cento da riqueza criada no país, o Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Mundial.
As receitas petrolíferas são uma parte significativa do Orçamento Geral do Estado, avaliado para este ano em 25 mil milhões de dólares (16,1 mil milhões de euros).
José Eduardo dos Santos destacou que o governo do MPLA quer "garantir um ritmo elevado de desenvolvimento económico com estabilidade macroeconómica e diversidade estrutural, desenvolver de forma harmoniosa o território nacional estimulando a competitividade dos territórios e promovendo o desenvolvimento das regiões mais desfavorecidas".
O líder do MPLA e Presidente da República defendeu ainda que Angola deve antecipar soluções para o agravamento dos problemas no domínio alimentar enfrentados actualmente pela comunidade internacional.
"No sector da agricultura (...) pode-se aumentar em quatro milhões de hectares as áreas de cultivo, para produzir mais de 15 milhões de toneladas de cereais", afirmou.
Eduardo dos Santos prometeu ainda reformas nas áreas da Saúde, Educação, Administração Pública, e anunciou que a corrupção e o tráfico de influências devem ser combatidos como algo que vai contra os interesses nacionais.
HSO/RB.
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